VOLTAR

Dirceu diz que assassinato e reacao a pacote do governo

OESP, Nacional, p.A13
16 de Fev de 2005

Dirceu diz que assassinato é reação a pacote do governo
Ministro diz que religiosa ajudava as autoridades federais

BRASÍLIA - O Palácio do Planalto se sentiu atingido pelos seis tiros que mataram na manhã de sábado a freira Dorothy Stang em Anapu, interior do Pará. "O que aconteceu foi a reação dos grileiros à presença do Estado, que começou a regularização fundiária e ambiental na região", disse o ministro da Casa Civil, José Dirceu. Ele e mais oito ministros se reuniram ontem pela manhã com o presidente em exercício, José Alencar, e o governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), para definir as medidas de longo prazo para reduzir a tensão na região e apressar a prisão dos mandantes e dos matadores da freira.
Segundo Dirceu, a freira foi assassinada no momento em que trabalhava ajudando milhares de trabalhadores a implantar o projeto Anapu 1 de assentamento sustentável, sem a derrubada indiscriminada de árvores como pretendem os madeireiros e grileiros.

"O País pode ter certeza de que não haverá impunidade, nem dos mandantes nem dos pistoleiros. Haverá punição exemplar", prometeu o ministro. "Já é hora de darmos um basta a estas ações", avisou Dirceu.

INVENTÁRIO DE TERRAS

Ele anunciou que o governo fará uma espécie de inventário de terras federais e pretende acelerar os projetos que estão sendo tocados pelo ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que participou da reunião no Palácio do Planalto. Entre as medidas está a execução do Plano da Amazônia Sustentável. Este plano implica proibir a derrubada de árvores ao longo das terras que ficam às margens da BR-163, e a retomada de terras da União em mãos de grileiros que ainda usam documentos antigos, não mais reconhecidos pelo Incra para serem usadas em assentamentos de reforma agrária.

A ministra Marina Silva disse que a regularização fundiária e o ordenamento ambiental são as medidas mais importantes que devem ser tomadas pelo governo federal para evitar a repetição deste tipo de conflito no futuro. Mas ela admite dificuldades por causa da ação dos grileiros e madeireiros. "Há aqueles que não desejam conviver com a legalidade. Estes ou vão para a legalidade ou para a cadeia", afirmou Marina.

Além de Marina, Dirceu e o presidente em exercício e ministro da Defesa, José Alencar, participaram da reunião os ministros Marcio Thomaz Bastos (Justiça), Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário), Alfredo Nascimento (Transportes), Ciro Gomes (Integração Nacional), José Fritsch (Aqüicultura e Pesca), Aldo Rebelo (Coordenação Política), além do secretário do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Felix.

Sobre a federalização das investigações do crime a ser pedida pelo procurador-geral da República, Cláudio Fonteles, os ministros foram evasivos e preferiram dizer que esperam uma decisão do Superior Tribunal de Justiça. Preferiram ressaltar que há uma harmônica colaboração entre a Polícia Federal e os investigadores da Polícia Civil do Pará. "Vamos dar continuidade a todos os projetos de regularização fundiária no Pará e em toda a Amazônia", prometeu o ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto.

OESP, 16/02/2005, Nacional, p.A13

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.