Dirceu começa debate sobre Roraima

Alceste Almeida: "O ministro demonstrou determinação
e segurança"

Rodolfo Pereira: "O governo é de todos e adotará uma solução sensata"

Deputados federais, senadores e o governador Flamarion Portela (PT) saíram da audiência com o ministro da Casa Civil, José Dirceu, deslumbrados. Nada conclusivo foi dito para alimentar tanta euforia.

Mas, todos estão confiantes que agora será resolvida a transferência de terras da União para o Estado e que a homologação da reserva indígena Raposa e Serra do Sol acontecerá respeitando os interesses de índios e não índios instalados naquelas regiões.

O entusiasmo cresceu ontem pela manhã, quando o governador Flamarion Portela - que estava em Brasília - transmitiu ao coordenador da bancada, Alceste Almeida (PMDB), que o ministro José Dirceu reunira com cinco setores ministeriais e determinara a adoção de medidas urgentes para encaminhar a solução dos problemas a ele levados pela representação política roraimense na tarde de quarta-feira.

Reproduzindo o diálogo que teve com o governador, o deputado Alceste Almeida informou o otimismo do governador ao receber a notícia do ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, da ação rápida adotada por José Dirceu em relação aos pleitos da bancada. "Nossa exposição foi consistente embasada em detalhes de todas as questões relacionadas ao problema fundiário", disse o coordenador da bancada.

Mesmo que o ministro da Casa Civil não tenha estabelecido prazo para resolver o impasse em torno das terras, os presentes na audiência de quarta-feira saíram otimistas. A bancada foi motivada quando José Dirceu disse que os pontos relacionados já deveriam ter sido resolvidos. Além disso, afirmou que a insegurança não poderia predominar no meio de investidores, dirigentes, políticos e da própria população roraimense.

O sentimento de deputados, senadores e do governador em relação à sinceridade de Dirceu é unânime. "Todos sentimos a determinação e segurança do ministro ao tratar dos pleitos por nos apresentados. Anotou tópicos dos documentos, questionou sobre desenvolvimento, a população e a produção agropecuária das áreas conflitadas", disse Alceste Almeida.

Na visão do deputado federal Rodolfo Pereira (PDT), em diversas ocasiões o presidente e o ministro já demonstraram interesse em resolver a questão fundiária. Porém, a divergência nas informações obriga o Governo Federal a melhor estudar o assunto. "Há dados que favorecem ao Estado, outros que favorecem a igreja, sem contar os que têm o Incra e a Funai. Quando se tenta discutir a questão ninguém quer ceder. O governo é de todos e deverá adotar uma ação equilibrada, isenta".

Para o deputado, o encontro da bancada com José Dirceu não foi só um afago do Governo Federal criando espaço para decidir a questão da forma que quiser depois que passar as reformas. "O governo Lula é pragmático. Na questão fundiária há informações divergentes na base de apoio. Parlamentares, a igreja e a Funai apoiamos o Governo Federal e diante da discordância é natural que queira obter as dados para tomar uma decisão sensata, sem favorecer apenas um setor", comentou.