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Dilma promete para 2014 plano de alerta que já era para estar em uso

FSP, Cotidiano, p. C1
18 de Jan de 2011

Dilma promete para 2014 plano de alerta que já era para estar em uso
Centro que deveria atuar no setor já existe, mas não teve verba para desenvolver projeto integrado
Rio já contabiliza 665 mortos por causa da chuva; governo aposta em supercomputador para aprimorar sistema

Ana Flor
Breno Costa
Flávia Foreque
De Brasília
Fábio Amato
De São José dos Campos

O Planalto anunciou ontem a criação de um Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais, um conjunto de medidas que, apesar do novo rótulo, já fazia parte das ações de um órgão do próprio governo criado em 2005.
Esse conjunto de ações deveria ser realizado pelo Cenad (Centro Nacional de Gerenciamento de Riscos e Desastres), que não recebe verba para ampliação desde 2008 e agora perde espaço para o novo sistema.
Segundo levantamento da ONG Contas Abertas, R$ 3,1 milhões estavam previstos nos últimos três anos para aumentar a estrutura do Cenad, vinculado à Secretaria Nacional de Defesa Civil, mas nada foi liberado.
O Ministério de Ciência e Tecnologia não se pronunciou sobre o assunto.
A verba seria utilizada, por exemplo, para a "aquisição dos equipamentos de informática e comunicação/geoprocessamento" e para a criação de uma rede de operações da Defesa Civil.
As iniciativas foram anunciadas ontem pelo ministro Aloizio Mercadante (Ciência e Tecnologia), após uma reunião de ministros com a presidente Dilma Rousseff.
Mercadante diz que o novo sistema será ancorado no supercomputador adquirido em dezembro.
No próximo verão, segundo o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o supercomputador, um dos cinco mais rápidos do mundo, poderá monitorar com precisão áreas de até 3 km e dizer com detalhes quando e o quanto vai chover.
O governo também planeja comprar 700 pluviômetros e novos radares.
O sistema, no entanto, só deve funcionar a pleno vapor no fim de 2014. Pelo planejamento, áreas de risco serão alertadas até seis horas antes do evento climático.
"Vamos implantar progressivamente. Mas esperamos respostas no próximo verão", disse Mercadante.
A organização do sistema de leitura de informações é um dos desafios para viabilizar o novo sistema.
Hoje, o mapeamento e a classificação de áreas de risco são feitos pelas prefeituras ou Estados, seguindo critérios díspares. Segundo Mercadante, o governo vai padronizar os critérios.

SÓ FALATÓRIO
O governo discute a criação de um novo sistema de alarme desde 2009.
Neste período, apenas a criação de uma rede de radares necessitaria de cerca de R$ 110 milhões. Mas o dinheiro não saiu do papel.
O ex-secretário de políticas e programas de pesquisa do ministério, Luiz Antonio Barreto de Castro, culpou o governo e instituições envolvidas na criação do sistema pelo fato de o projeto de 2005 não ter saído do papel.
"A gente falou muito e fez muito pouco. Não consegui fazer com que o projeto avançasse", disse.
O grupo, composto por 22 representantes do governo e de institutos, debateu o projeto por ao menos dois anos.
Castro, que está sendo substituído por Carlos Nobre, ligado ao Inpe, afirmou também que a falta de "afinco" do instituto contribuiu para que o projeto não decolasse.
O diretor do Inpe, Gilberto Camara, disse que a declaração de Castro é "completamente inverídica".
"Infelizmente, o MCT não liberou nenhum recurso por nós solicitado. Lamentamos que o secretario [Castro] agora queira culpar o Inpe pelos erros que cometeu em sua gestão no MCT", disse.

Ministro diz que 5 milhões vivem em áreas de risco

De Brasília

O governo estima que cerca de 5 milhões de pessoas vivam em áreas de risco potencial no país.
A afirmação foi feita ontem pelo ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, após reunião com a presidente Dilma Rousseff e os ministros da Integração Nacional, Defesa, Saúde, Justiça e da Casa Civil.
Segundo ele, a estimativa foi feita a partir de monitoramento do Ministério da Integração de moradores em encostas. Há, diz ele, 500 áreas de risco de deslizamento e 300 áreas de risco de inundações.
Mas os mapeamentos ainda são imprecisos ou mal utilizados pelo poder público. Para se ter uma ideia, o governo federal, segundo a ONG Contas Abertas, gastou R$ 167,5 milhões em prevenção no ano passado e R$ 2,3 bilhões para socorrer atingidos por desastres.

FSP, 18/01/2011, Cotidiano, p. C1

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1801201101.htm
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff1801201102.htm

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