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A difusão do mau exemplo do MST

JT, Editoriais, p. A3
27 de Jan de 2004

A difusão do mau exemplo do MST

O mau exemplo do Movimento dos Sem-Terra (MST), de desprezo pela lei, vai se difundindo rápida e perigosamente. Depois dos chamados sem-teto, que seguem à risca, nas cidades, os métodos truculentos por ele utilizados no campo, agora chegou a vez de os índios adotarem a cartilha do MST nas invasões de fazendas em Mato Grosso do Sul, como mostra reportagem de José Maria Tomazela publicada domingo por O Estado de S. Paulo.
As semelhanças são tantas que não há exagero em falar de uma cópia pura e simples. Da cuidadosa escolha das áreas a serem invadidas até a utilização de crianças - colocadas à frente das colunas de invasores para inibir a ação da polícia -, passando pela resistência a aceitar a ordem legal, em tudo os índios repetem os sem-terra. Tal como os militantes do MST, os líderes dos caiovás-guaranis também estão utilizando máscaras para dificultar sua identificação.
E o mesmo ocorre com a ação de agentes dos conselhos indígenas, que têm "poder de polícia" nas áreas invadidas. Sem falar - o que é mais grave - na derrubada de cercas, no abate de bois, na depredação de instalações rurais e na recusa a acatar decisões judiciais que os contrariem. Tudo segue à risca o figurino das invasões com que há anos o MST vem semeando a violência no campo. Além disso, como afirma o presidente da Federação da Agricultura de Mato Grosso do Sul, Leôncio de Souza Brito Filho, "ambos os movimentos são alimentados pela ala progressista da Igreja Católica e respaldados por órgão dos governo".
O presidente da Fundação da Nacional do Índio (Funai), Mércio Pereira Gomes, nega que o MST esteja orientando os índios em suas invasões, mas sua análise do que vem ocorrendo deixa aberta a hipótese de uma influência de outros grupos e do que chama de "conscientização brasileira", o que na prática dá no mesmo: "Tudo está em efervescência. O MST, os fazendeiros, os índios. Há uma vontade de participação política em todos os lados." E conclui que "até os índios, que sempre se mantiveram humildes, parecem ter acordado".
A "conscientização" e a "participação política" são inegavelmente saudáveis, mas o sr. Mércio Gomes se esquece de algo elementar que, se ele como antropólogo tem dificuldade de compreender, seus superiores do Ministério da Justiça deveriam ensinar-lhe: no regime democrático, tudo tem de se passar dentro dos limites da lei.
Caso contrário, as instituições ficam ameaçadas. E é justamente isto que deseja o MST, que deve estar feliz com a difusão de seu mau exemplo.

JT, 27/01/2004, Editoriais, p. A3

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