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Devastação é ainda maior no Amazonas

CB, Brasil, p. 12
02 de Jul de 2005

Devastação é ainda maior no Amazonas
Levantamento divulgado pelo Sipam aponta elevação de 16% do desmatamento no principal estado do Norte. Dado é surpreendente e revela situação mais grave do que mostrou estudo do Inpe em maio

Da redação

A derrubada de árvores da floresta tropical na região Norte em 2004 é maior do que se pensava. De acordo com estudo do Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam), divulgado ontem, houve aumento de 16% na área desmatada no sul do estado do Amazonas no ano passado. O desflorestamento saltou de 6.926 para 8.238 quilômetros quadrados. O estudo é inédito e cobriu a extensão dos 12 municípios que compõem a região: Guajará, Ipixuna, Eirunepé, Envira, Pauini, Boca do Acre, Lábrea, Canutama, Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã e Apuí. Em maio, mapas divulgados pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) mostravam que o Amazonas seria o estado menos desmatado da região Norte.
O problema é que o levantamento anual do desmatamento feito pelo Inpe cobria apenas amostras do território e não considerava áreas de savana, por exemplo. Isso explica por que os dados fornecidos antes pelo Inpe são tão díspares do levantamento do Simpa. De acordo com o Inpe, a área desmatada no Amazonas até agosto do ano passado seria de apenas 1.054 quilômetros quadrados. "O sul do Amazonas não faz parte do arco do desmatamento, mas se mostrou um local crítico".
Estamos fazendo o mesmo tipo de levantamento para o sul do Pará, a chamada Terra do Meio. O objetivo é refinar os dados do Inpe para dar subsídios às ações de fiscalização e de gestão municipal", explica Edgar Fagundes Filho, diretor-executivo do Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam).
Pelos dados do Inpe, o desmatamento no Amazonas diminuiu 39% entre agosto de 2003 e agosto de 2004, em relação ao mesmo período anterior. Na Amazônia Legal como um todo - que engloba, além de todos os estados da região Norte, ainda o Maranhão e o Mato Grosso -, houve aumento de 6% na área desmatada. O estudo do Sipam revela, contudo, que em todos os municípios situados ao Sul do Amazonas o desmatamento cresceu. Apenas dois deles, Pauini e Eirunepé, tiveram taxa abaixo da média da região. Embora Lábrea seja o município mais desmatado, assim como indicavam os dados do Inpe, o levantamento do Sipam aponta que o desflorestamento cresceu mais de 2003 para 2004 nos municípios de Canutama (36,55%) e Humaitá (34,52%). Um outro quadro mostra o desmatamento em relação à área do município. Guajará, a 1645 quilômetros de Manaus, traz um recorde: quase 70% de sua área está desmatada.
"O que era feito até agora era um estudo muito geral para a Amazônia", explica Luís Antônio Cruz, secretário-executivo da Associação Amazonense de Municípios. "Os gestores municipais não sabiam o que acontecia em florestas primárias e em áreas já ocupadas. Isso é uma informação muito importante para formular políticas públicas".
O levantamento do Sipam utilizou imagens do satélite Landsat 5. Elas têm resolução de 30 metros, a mesmo utilizado pelo Inpe. Porém, o estudo do Sipam foi complementado com imagens do satélite CCD/CBRS, com resolução de 20 metros, e com imagens captadas por um sensor SAR, com resolução de seis metros, instalado em uma aeronave, que sobrevoou toda a área dos municípios de Lábrea e Boca do Acre e partes dos municípios de Apuí, Novo Aripuanã e Manicoré.

CB, 02/07/2005, Brasil, p. 12

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