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Devastação cai em junho

CB, Brasil, p. 10
30 de Jul de 2008

Devastação cai em junho
Derrubada de árvores foi menor do que em maio. Mas governo admite que 8,8 mil km² foram destruídos nos últimos 12 meses

Leonel Rocha
Da equipe do Correio

O governo anunciou ontem uma redução na velocidade do desmatamento da Amazônia Legal. Segundo dados divulgados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), em junho, registrou-se uma queda de 25,9% no índice de destruição da floresta em comparação a maio. Mesmo assim, foram cortados 870,8km² de vegetação nativa no mês passado. Em maio, a devastação atingiu 1.096km². Apesar da diminuição dos focos de queimadas, a maior floresta tropical do mundo encolheu 8.848km² entre julho de 2007 e junho deste ano. Isso equivale destruir, em 12 meses, uma área correspondente a uma vez e meia a dimensão do Distrito Federal.

Os dados de junho surpreendem porque o mês costuma concentrar a maior parte das queimadas na Amazônia, em razão da estiagem na região. O governo credita a contenção do desflorestamento às ações de fiscalização do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente(Ibama), Polícia Federal e Força Nacional de Segurança Pública. O combate ao desmatamento se concentrou na região conhecida como Terra do Meio, entre os rios Iriri e Xingu, no Pará, onde houve redução de 80% na derrubada de árvores, segundo o Inpe. Nos 36 municípios campeões de queimadas também houve redução na ação das motosserras. Nos meses de maio e junho do ano passado, 2.226km² de florestas foram destruídos. Mas no mesmo período deste ano, a área desmatada caiu para 1.060km².

O sistema Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter) constatou queda na destruição mesmo com a redução da quantidade de nuvens, que permitiu a visualização de 64% da região que compõe a Amazônia Legal em junho. O Pará despontou como o estado que mais queimou a Amazônia, com um crescimento de 91% - 499km² em junho contra 262km² em maio. Mato Grosso, apontado nos últimos meses como o estado vilão da floresta, mostrou redução de 70% em junho, quando comparado ao mês anterior - 197km² contra 646km². "A razão da queda foi a intensificação da fiscalização. Como ambientalista, não posso comemorar, mas houve uma melhora", comentou o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc. Nos estados do Amapá, Roraima e Tocantins, o Deter não enxergou devastação.

Imazon
Os índices do Inpe são diferentes dos dados anunciados na segunda-feira pela ONG ambientalista Imazon. Segundo a entidade, 612km² de florestas foram destruídas com corte raso em junho. Mas o governo só admite 303km² de derrubada integral da mata. Além disso, segundo o Imazon, uma área de quase 5 mil quilômetros quadrados é destruída a cada 12 meses na Amazônia. As queimadas comprovadas pelo Inpe atingiram 8,8 mil quilômetros quadrados de mata. "É inédito o fato que o desmatamento esteja ocorrendo quase completamente dentro das unidades de conservação, principalmente em parques nacionais e florestas nacionais, inclusive ameaçando o futuro uso sustentável das mesmas", lamentou Roberto Smeraldi, dirigente da ONG Amigos da Terra.

O ministro Carlos Minc também anunciou ontem que a procuradoria do ministério entrou com ação na Justiça do Pará para tentar realizar, pela quarta vez, o leilão de 3,5 mil cabeças de gado apreendidas pastando em Unidades de Conservação. Não houve comprador nas três primeiras ofertas e anteontem a Justiça suspendeu o quarto leilão por considerar o preço de mercado muito baixo.

CB, 30/07/2008, Brasil, p. 10

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