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Desvios acumulam R$ 4 bilhões

Página 20-Rio Branco-AC
31 de Ago de 2003

A nova Sudam (Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia), anunciada pelo governo federal em 21 de agosto último, deixou as lideranças do país em estado de alerta. Embora o presidente Lula e o ministro da Integração Nacional, Ciro Gomes, se mostrem otimistas, a preocupação é generalizada. Da antiga autarquia sobraram o prejuízo nas finanças públicas de R$ 4 bilhões, projetos emperrados e processos que tramitam na Polícia Federal, no Ministério Público, na Receita Federal e Controladoria Geral da União.

Em entrevista à "Folha de S. Paulo", no dia da oficialização da nova Sudam, em Belém (PA), Ciro Gomes aponta como uma das vantagens da nova Sudam, o risco dos empréstimos concedidos, que terá de ser assumido por uma instituição financeira privada, paga para isso.

O ministro garantiu que da velha superintendência será mantido apenas o nome. As atribuições de cada uma foram separadas na inventariança responsável pelo processo de liquidação.

Embora esteja confiante na reestruturação da Sudam, o presidente Lula não pode assegurar que nestes dois anos de investigações e auditorias, todos os fatos tenham sido esclarecidos. A certeza é que o dinheiro desviado ainda não foi ressarcido à União. Em 2000, quando o escândalo estourou, havia na autarquia aproximadamente 1,6 mil projetos ativos. As investigações atingiram 178 empresas.

ADA não decolou

Após 35 anos adotando um falso modelo de desenvolvimento, a Sudam foi extinta em 2 de maio de 2001, por medida provisória assinada pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Em seu lugar ficou a ADA , órgão com menos poder de decisão e com maior responsabilidade de fiscalização.

Instituída pela lei 5.173, de 27 de outubro de 1966 para substituir a SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia), de 6 de janeiro de 1953, a Sudam fazia parte da política de segurança nacional do governo do marechal Humberto Castelo Branco. Com o lema "integrar para não entregar", era o plano estratégico do período militar (1964-1985) para ocupar a Amazônia, desenvolvendo seu potencial socioeconômico.

Quatro anos mais tarde, o governo do general Emílio Garrastazu Médici lançou o PIN (Plano de Integração Nacional). Foram idealizados dois megaprojetos rodoviários, a Transamazônica e a Cuiabá-Santarém, que ligariam a Amazônia ao resto do país. Tudo não passou de um sonho.

Fascinados com a possibilidade de encontrar a terra prometida, os nordestinos deixaram para trás o sertão árido e se aventuraram na nova empreitada. Mas não conseguiram enfrentar as dificuldades da floresta, o confronto com os índios, as doenças e a miséria. Todos os planos haviam ido por água abaixo.

6 de janeiro de 1953 - é criada a SPVEA (Superintendência do Plano de Valorização Econômica da Amazônia), embrião da futura Sudam

27 de outubro de 1966 - A lei 5.173 cria a Sudam para substituir a SPVEA

2000 - Estoura escândalo envolvendo 178 empresas. Havia 1,6 mil projetos ativos

2 de maio de 2001 - Sudam é extinta por medida provisória pelo então presidente da República Fernando Henrique Cardoso

21 de agosto de 2003 - Anúncio da recriação da nova Sudam pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva

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