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Destruição de pista clandestina é o alvo para acabar com garimpagem

Folha de Boa Vista - www.folhabv.com.br
Autor: Yana Lima
12 de Fev de 2014

Após inúmeras operações para repressão ao garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, em especial às margens do rio Uraricoera, a Noroeste de Roraima, onde a atividade está mais intensa atualmente, a Frente de Proteção Yanomami está realizando a Operação Korekorema, cuja concepção é mudar a estratégia de combate ao garimpo. A prioridade é destruir de maneira mais efetiva a pista de pouso que recebe os aviões com suporte logístico para atividade mineradora da região. Com uma nova forma de operar, a instituição pretende retirar todos os garimpeiros daquela região até o mês de junho.

A prioridade da operação, iniciada na sexta-feira, 7, diz respeito à pista de pouso clandestina Espadim, localizada a cerca de 20 quilômetros da Venezuela, de onde se acredita que venham parte dos suprimentos ao garimpo. Em agosto do ano passado, a pista foi parcialmente destruída com uso de explosivos, mas em apenas três dias os garimpeiros conseguiram colocá-la novamente em atividade. Desta vez, a Frente iniciou uma escavação na pista, a fim de desviar o leito do rio e destruir a pista com mais efetividade.

Em dezembro do ano passado, a região, situada na divisa dos municípios de Amajari e Alto Alegre, recebeu uma Base de Proteção Etnoambiental, a quarta implantada pela Frente na TI Yanomami. Na época, a instituição deu um prazo para que os garimpeiros saíssem da região pacificamente até janeiro. No entanto, houve o efeito contrário, com a intensificação da atividade. Estima-se a presença de mais de 300 garimpeiros atuando em aproximadamente 30 balsas usadas no garimpo, dez a mais do que há três meses, quando havia sido feito o último monitoramento.

Um termo de cooperação vai possibilitar a presença permanente da Polícia Federal na Base de Proteção Etnoambiental da região. Isso porque, sem a presença de força policial, os garimpeiros ameaçaram os servidores da Fundação Nacional do Índio (Funai), obrigando o fechamento da base por questões de segurança, menos depois de um mês depois da inauguração.

Inviabilizando o transporte aéreo e bloqueando o acesso fluvial, a expectativa é que no máximo em 30 dias, os garimpeiros fiquem sem mantimentos e comecem a se entregar nos postos de saúde e à base etnoambiental. Uma vez fora do flagrante, estes homens não serão presos, apenas autuados pela presença não autorizada na terra indígena.

Posteriormente deverá ser feita uma varredura nos acampamentos. O material utilizado, como embarcações, motores e combustível, será apreendido e, em seguida, a intenção é pedir à Justiça o perdimento desses bens em prol da própria comunidade.

Segundo Catalano, a ideia inicial não é a prisão, pois a operação não dispõe de estrutura para manter centenas de garimpeiros que estão na área. "Em um primeiro momento, a intenção é causar prejuízo, seja pela apreensão de material ou pelo fato de que enquanto estivermos presentes eles estão parados. Em seguida, vamos aguardar eles se entregarem, até que a gente consiga limpar esta área", explicou.

POLÍCIA ESTADUAL - Para realizar a operação, a Frente angariou forças da Polícia Militar, por meio da Companhia Independente de Policiamento Ambiental (Cipa) e do Batalhão de Operações Especiais (Bope), além do apoio da Polícia Federal.

Segundo o coordenador da Frente, João Catalano, a presença da segurança estadual na operação é de suma importância e se justifica pelo fato de os prejuízos do garimpo reverberarem além das comunidades indígenas. "Não se trata mais de uma questão indígena, e sim de uma situação de segurança e saúde pública. Se a atividade continuar, esse rio pode ser completamente assoreado, afetando indígenas, comunidades que vivem às margens do rio e o Estado como um todo", disse.

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