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Destruição de 500 gaiolas marca relançamento da campanha "Pássaro legal é pássaro solto"

ICMBio - www.icmbio.gov.br
13 de Mar de 2009

Um rolo compressor, passando por cima de 500 gaiolas apreendidas, e uma gaiola gigante em que as pessoas podem entrar e simular como se sente um pássaro preso marcaram o relançamento da campanha "Pássaro legal é pássaro solto", em Teresópolis, no Rio de Janeiro. A campanha é promovida pela equipe de analistas ambientais do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), lotados no Parque Nacional da Serra dos Órgãos (Parnaso), e tem a parceria da Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Teresópolis e do Parque Estadual dos Três Picos.

O relançamento da campanha faz parte do trabalho de educação ambiental executado no parque. O objetivo é conscientizar a população sobre os impactos do aprisionamento de aves silvestres, remanescentes da Mata Atlântica, que habitam a área, alertando para o fato de que essa prática é crime ambiental. Com isso, a equipe pretende sensibilizar a população e estimular a entrega voluntária de aves capturadas ilegalmente por moradores da região. Outras unidades de conservação já se articulam para aderir à campanha, como a Área de Proteção Ambiental (APA) de Guapimirim e a Estação Ecológica (Esec) Tamoios, em Angra dos Reis.

O chefe do parque, Ernesto Viveiros de Castro, fez questão de destacar que a campanha tem o objetivo mais educativo do que punitivo. "Quando as pessoas fizerem a entrega das aves, vamos aproveitar para mostrar a elas os prejuízos e danos que a captura ilegal pode gerar. Não puniremos quem entregar os animais voluntariamente, mas intensificaremos a fiscalização em seguida", disse ele.

O coordenador de Proteção do Parnaso, Leandro Goulart, destacou a importância da parceria e disse que, graças a ela, em dois meses de trabalho conjunto foram apreendidos mais pássaros do que em todo o ano passado. Segundo ele, a cooperação entre os órgãos ambientais fortalece a ação institucional e potencializa os esforços de conservação. "Prova disso é que este ano já foram apreendidos 600 pássaros e aplicados mais de R$ 500 mil reais em multas em operações conjuntas do ICMBio, Secretaria Municipal e Instituto Estadual do Ambiente (Inea) na região do Parnaso", informou.

PERFORMANCE - Durante as atividades de lançamento da campanha, artistas fizeram uma performancecom um homem aprisionado por um pássaro. A idéia era provocar reflexões sobre o absurdo que é o engaiolamento das aves e chamar a atenção das cerca de mil pessoas que passaram pelo evento na praça de Santa Teresa, no Centro de Teresópolis.

O relançamento contou também com jogos educativos aplicados pela equipe de educação ambiental do Parnaso, como o jogo gigante em que as crianças são as peças e percorrem o parque, aprendendo e respondendo a perguntas sobre problemas ambientais. Toda a equipe do parque participou, com distribuição de folhetos e de cartazes para comerciantes da região.

O coordenador de Educação Ambiental da unidade, Marcus Gomes, ressaltou o simbolismo da campanha: "A destruição das gaiolas é simbólica do que queremos, ou seja, mudar a cultura de manter animais engaiolados".

FISCALIZAÇÃO - Em 2008, os fiscais do parque aplicaram 40 autos relativos à posse de pássaros, o que gerou R$ 712 mil em multas. "Somente nas duas primeiras semanas de janeiro, aplicamos R$ 230 mil em multas e recapturamos mais de 120 pássaros engaiolados em diversas residências de Teresópolis", relata o chefe do Parnaso, Ernesto Viveiros de Castro. Dentre os animais apreendidos, destaca-se o chanchão (Sporophila frontalis), espécie migratória ameaçada de extinção e frequentemente encontrada na Serra dos Órgãos em virtude da grande floração de bambus, alimento apreciado por esses pássaros.

Os analistas ambientais do ICMBio no parque também recuperaram aves conhecidas como trinca-ferros, cigarrinhas-do-bambu, coleiros e jacuaçus, espécies de médio porte dificilmente encontradas em cativeiro. A multa pela captura ou posse de animais ameaçados é de R$ 5 mil por indivíduo. Atualmente, o Parnaso protege 462 espécies de aves.

As aves apreendidas e entregues voluntariamente são examinadas por técnicos do parque que acompanham as operações. Animais recém-capturados são soltos na própria área de captura. Os que não têm condições de ser soltos são encaminhados ao Centro de Triagem do Ibama (Cetas).

A retirada de animais da natureza, além de impactar as populações da própria espécie, causa a dispersão de sementes das matas. A longo prazo, essa alteração afeta toda a estrutura do bioma. Sem dispersores, até as florestas aparentemente preservadas podem estar condenadas a desaparecer.

O hábito de capturar pássaros e outros animais da natureza para mantê-los aprisionados em gaiolas é cultural no Brasil."Assim como também parece ser um traço da nossa cultura soltar balões, colocando nossas florestas e parques em risco. É hora de mudar essa realidade e a conscientização da população é um bom caminho", defende Ernesto.

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