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Destinos de natureza seduzem os viajantes e impulsionam MPEs

Valor Econômico, Especial, p. F6
31 de Jan de 2018

Destinos de natureza seduzem os viajantes e impulsionam MPEs

A maior atração dos turistas por destinos de natureza contribui para movimentar uma massa de pequenas empresas estabelecidas em torno das diferentes atividades do setor. Segundo o buscador global de viagens Skyscanner, dos 12 destinos com maior crescimento em 2018, oito possuem belezas naturais e três são brasileiros - Foz do Iguaçu (PR), Lençóis (BA), na Chapada Diamantina, e Parnaíba (PI).

Dados do Ministério de Turismo mostram que 95% dos 41,3 mil prestadores de serviços cadastrados até 2015 eram micro ou pequenas empresas, ou microempreendedores individuais (MEIs). No segmento de natureza, o número tende a ser maior, avalia Luiz Del Vigna, diretor da Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura (Abeta). "No anopassado a atividade cresceu 12%", estima.

O setor avançou com medidas como a criação de normas técnicas, três delas adotadas pela ISO 21.103, e o surgimento de polos de referência como Bonito (MS), mas enfrenta insegurança, custos elevados e infraestrutura deficitária e de comunicação, principalmente para estrangeiros. Levantamento da Embratur indica o lazer como motivação de 56,8% dos 6,5 milhões de turistas chegados ao país em 2016, dos quais 68,8% interessados em sol e praia e 16,6%, em natureza, ecoturismo ou aventura. O Brasil ocupa o primeiro lugar no quesito potencial natural e o oitavo em riqueza cultural no ranking elaborado pelo Fórum Econômico Mundial com cerca de 150 países. "Se é o primeiro deveria tirar partido dessa posição", defende o presidente da Embratur, Vinícius Lummertz.

Na plataforma Airbnb, o número de hóspedes nas áreas rurais do país aumentou 240% entre 2015 e 2016. O crescimento de 11,5% na visitação dos 72 parques nacionais no ano passado confirma a tendência. Em 2015, os mais de 8 milhões de visitantes geraram R$ 1,1 bilhão nos municípios de acesso, de acordo com o ICMBio. Atualmente, quatro operam sob concessão e três estão em processo de licitação - Brasília (DF), Chapada dos Veadeiros (GO) e Pau Brasil (BA).

O grupo Cataratas, responsável pelas operações de Foz do Iguaçu e Fernando de Noronha (PE), registrou recordes em 2017 com 1,8 milhão e 90 mil visitantes, respectivamente. O grupo também responde no Rio de Janeiro (RJ) pelos parques da Tijuca, AquaRio e RioZoo. "Em Iguaçu, 500 pequenas empresas giram em torno da concessão", observa o presidente do grupo, Bruno Marques. Só em compras diretas são R$ 40 milhões anuais, de insumos para o restaurante a camisetas.

A melhoria dos serviços estimula a cadeia de valor. Hoje, das 2,4 mil associadas à Associação Brasileira das Agências de Viagem (Abav Nacional), cerca de 60% se incluem na categoria de micro e pequenas empresas. "17% trabalham com ecoturismo e 15%, com turismo de aventura", registra o presidente Carlos Palmeira.

A Ambiental é uma delas. Fundada há 30 anos, tem 28 funcionários, fatura R$ 20 milhões ao ano com destinos que vão do Pantanal ao Nepal e cresce em torno de 6% ao ano. Segundo o diretor Glen Ganper, as viagens não são baratas, já que mesclam natureza e conforto para atender turistas maduros de classe AB, principalmente mulheres - os homens se aventuram mais por conta própria.

A TV também estimula o segmento. Em 2016, a operadora Roraima Adventures chegou a levar 61 grupos para o Monte Roraima, paisagem de "Império" (2014). O passeio custa a partir de R$ 2,5 mil e reúne em média 15 turistas e 20 profissionais de campo. Este ano, a meta é alcançar 30 grupos, diz o proprietário Joaquim Magno de Souza, que criou um roteiro inédito no extremo sul do país, na região do Chuí.

O casal aposentado Fábio (61 anos) e Marta Moreira (56 anos), de Jaboatão dos Guararapes (PE), participou de uma das 58 expedições da operadora ao Roraima no ano passado. Eles já percorreram a trilha inca no Peru, o caminho de Santiago e o Vale do Pati na Chapada Diamantina, mas tiveram de voltar do monte de helicóptero por um problema de saúde, conta Fábio. Para contrabalançar o esforço, os passeios são seguidos de estadias em resorts.

Valor Econômico, 31/01/2018, Especial, p. F6

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