VOLTAR

Despoluído, Rio Jundiaí vai abastecer população

OESP, Metrópole, p. A21
16 de Set de 2014

Despoluído, Rio Jundiaí vai abastecer população
Trecho de 25 km recebe nova avaliação a pedido de Consórcio PCJ e da Sabesp

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - A ideia de despoluir um rio e usá-lo para abastecimento público deixou de ser uma utopia em São Paulo. Após 30 anos e uma série de obras de coleta e tratamento de esgoto, um trecho de 25 quilômetros do Rio Jundiaí, entre as cidades de Itupeva e Indaiatuba, evoluiu do pior nível de poluição e agora poderá ser tratado para encher a caixa d'água de até 277 mil pessoas na região de Campinas, fato inédito no Estado.
O Rio Jundiaí nasce na Serra dos Cristais, em Mairiporã, na Grande São Paulo, e percorre 128 km até o Rio Tietê, em Salto, a cerca de 100 km da capital. Com os Rios Piracicaba e Capivari ele forma a Bacia PCJ, onde ficam as principais represas do Sistema Cantareira, que atravessa a pior seca de sua história. Em 47 km, da nascente até Várzea Paulista, o Jundiaí é considerado classe 2, categoria definida pelo Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) para rios próprios para consumo após tratamento convencional.
A partir dali, a quantidade de oxigênio na água piora por causa do lançamento de esgoto, o que rebaixava os 81 km seguintes para classe 4, mesma categoria do Rio Tietê dentro da Grande São Paulo, na qual a única destinação é para navegação. Na semana passada, contudo, o Conselho Estadual de Recursos Hídricos aprovou, a pedido do Consórcio da Bacia do PCJ, o reenquadramento do trecho de 25 km para classe 3, no qual o abastecimento humano é permitido após tratamento convencional ou avançado.
Segundo o biólogo Domenico Tremaroli, gerente da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb) em Jundiaí, as inaugurações das Estações de Tratamento de Esgoto em Itupeva e Várzea Paulista, pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), entre 2012 e 2013, foram fundamentais para a melhora na qualidade da água do Jundiaí. "Isso prova que com ações organizadas e integradas de saneamento é possível recuperar um rio altamente degradado. Esse trabalho começou em 1984 e até o fim do ano devemos recolocar o trecho restante na classe 3", diz.
Avanço. A "promoção" dos 25 km foi uma demanda do prefeito de Indaiatuba e presidente do Consórcio PCJ, Reinaldo Nogueira (PMDB), e da Sabesp, que opera o abastecimento público em Itupeva. Ambas descartam a necessidade de uso imediato do Rio Jundiaí por causa da crise de estiagem, mas destacam que as águas despoluídas serão essenciais para suprir o crescimento da demanda nos próximos anos.
Com 104 m³ por habitante/ano, a Bacia PCJ tem a menor disponibilidade hídrica do Estado. A Organização das Nações Unidas (ONU) considera crítica a situação de 1,5 mil m³ por habitante/ano. "No futuro, certamente o Jundiaí será de extrema importância para o abastecimento de Indaiatuba", diz Nogueira. "Hoje, a melhora do rio já nos ajuda com a volta da pesca", conta Osmar Tozi, vice-prefeito de Itupeva.

Fábrica da família Maluf é a maior poluidora do Jundiaí
Empresa já recebeu R$ 240 mil em multa por despejar esgoto industrial direto no leito, perto da foz no Tietê

Fabio Leite - O Estado de S. Paulo

SÃO PAULO - Instalada desde 1954 na cidade de Salto, a cerca de 100 quilômetros da capital paulista, a primeira fábrica da Eucatex, da família do deputado federal Paulo Maluf (PP), é o principal poluidor do Rio Jundiaí e já recebeu R$ 240 mil em multa por despejar esgoto industrial direto no leito, perto da foz no Rio Tietê.

"Como a fábrica fica perto da foz, a extensão (do rio poluída pela Eucatex) é pequena, mas, em termos de impacto, é o mais expressivo de todo o rio, o ponto mais crítico", afirma o biólogo Domenico Tremaroli, gerente da Companhia Ambiental de São Paulo (Cetesb) em Jundiaí.

Segundo ele, a fábrica tem sistema próprio de tratamento dos efluentes industriais que geram a fabricação de forros e chapas isolantes, mas um problema hidráulico tem provocado o transbordamento dos resíduos com esgoto doméstico de um bairro de Salto, cuja rede corta a unidade.

O resultado é visível na cor da água do Jundiaí, que escurece em um tom oleoso a partir do lançamento da Eucatex. A cena causa revolta nos moradores de Salto que passam pelo local. "Isso é um desrespeito com o meio ambiente. Lá atrás, o rio é limpo. Mas aqui ele fica imundo com toda essa química que a fábrica despeja", afirma o aposentado Francisco José de Santana, de 56 anos.

Em nota, a Eucatex afirma que "não utiliza em seu processo de fabricação produtos químicos em quantidade significativa" e "toda água (captada do Rio Jundiaí) utilizada é devolvida em condições iguais ou melhores daquela em que é captada". A empresa afirma que tem duas lagoas para o tratamento da água utilizada antes de devolvê-la ao rio e uma delas "teve um problema de vedação e ficou parada para reparos". Segundo a fábrica, "a Cetesb foi devidamente comunicada e o reparo está sendo feito".

OESP, 16/09/2014, Metrópole, p. A21

http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,despoluido-rio-jundiai-v…

http://sao-paulo.estadao.com.br/noticias/geral,fabrica-da-familia-maluf…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.