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Desnutrição, falta de higiene e pouca comida ameaçam tribo mineira Vale do Mucuri

O Tempo - http://www.otempo.com.br/hotsites/indio2/
Autor: FLÁVIA MARTINS Y MIGUEL
22 de Fev de 2010

Santa Helena de Minas. Sentadas no chão de terra batida, desnutridas e fracas após passarem por um surto de gastroenterite no mês passado, 35 crianças maxakalis recebem a refeição do dia, oferecida pelo governo federal. Enquanto comem com as mãos sujas em meio à poeira, numa tenda improvisada, na zona rural do município de Bertópolis, no Vale do Mucuri, o líder da aldeia Cachoeira, Zelito Maxakali, olha com desgosto a situação precária de sua tribo.
Ele já perdeu a conta dos pedidos à Fundação Nacional do Índio (Funai) por um lugar mais digno para a alimentação. "Nós não gosta cabana (sic). Criança come comida e a poeira suja muito. A gente pediu galpão", conta Zelito, um dos poucos na tribo que falam português.
A nutricionista da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), acompanhada de técnicos do órgão, recusou-se a falar sobre a cena de completa falta de higiene e ameaça à saúde das crianças.
Em janeiro, a aldeia Cachoeira foi uma das dez da região atacadas pela Escherichia coli, bactéria identificada por meio de testes na Fundação Ezequiel Dias (Funed), responsável pela morte de quatro bebês com idades entre 5 e 10 meses. Outras 205 crianças menores de 6 anos ficaram doentes e tiveram vômitos, diarreia e febre.
Dois netos de Zelito continuam internados na Casa do Índio (Casai) de Governandor Valadares. Ao todo, 34 indiozinhos ainda permanecem internados em hospitais de Teófilo Otoni e Machacalis. Nos braços da mãe, Nin Maxakali, a pequena Iara, de 7 meses, ainda se recuperava das duas semanas passadas na pediatria do hospital São Vicente de Paula, em Águas Formosas.
O pai da da garota confirmava, no seu próprio idioma, a melhora da criança. "Ela está bem. Ela está bem". Pelo menos 20 índios da aldeia se recuperam das semanas que passaram debilitados, internados nos hospitais da região. A sopa trazida diariamente é o único cuidado especial recebido pelas famílias.
FUNAI
O órgão indígena responsável pela distribuição de alimentos às 116 famílias da região informou que há três meses foi suspensa a entrega de cestas básicas. A Funai não explicou o motivo
da suspensão

Reportagem faz parte do especial multimídia "Maxakalis: Miséria e Abandono" (http://www.otempo.com.br/hotsites/indio2/).

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