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Desmatamento zero no país

O Globo, O País, p. 18
Autor: DÁVILA, Nilo
20 de Out de 2010

Desmatamento zero no país

Nilo D'Ávila - Coordenador de políticas do Greenpeace-BR

O primeiro passo para o Brasil melhorar na área do meio ambiente é o início de uma política de desmatamento zero. O Brasil já está maduro para isso. Temos entre 40 milhões e 60 milhões de hectares desmatados sem uso, que foram desmatados para pastagens e depois abandonados, ou têm poucas cabeças de gado. É inaceitável.
Precisamos, primeiro, da vontade de desenvolver a vocação florestal do país. Hoje as florestas brasileiras são mal manejadas.
Os principais designers europeus produzem com madeira brasileira. O Brasil não conhece as madeiras, temos 60 espécies com potencial para madeireiras. As escolas de design do Brasil usam como base o que se sabe desde o século passado. A gente tem de conhecer nossa variedade.
Conhecendo mais, você diminui a pressão sobre determinadas espécies. O desmatamento zero é uma forma de proteger todos os biomas.
Tenho de destacar, também, o investimento em energias renováveis. Hoje, a gente tem um projeto de lei que vai garantir o desenvolvimento dessas energias, e que está parado no Congresso. Esse projeto cria um fundo, dá condições de investir em energia à base de painéis fotovoltaicos, e eólica. Teríamos condições de ter suporte tecnológico e financeiro para energia mais limpa. Temos de aprovar o projeto 630/2003. E possibilitar que a gente chegue a 2020 disparadamente com a planta de energia mais limpa do mundo. Sem necessariamente usar uma energia cara e suja como a nuclear.
Manter as florestas é o modo de proteger a fauna. Se você mantém o habitat, o bicho não precisa de mais nada.
A gente tem metade do país coberto por vegetação nativa. As ferramentas, a gente tem. A legislação ambiental brasileira dá todos os instrumentos para garantir um ambiente saudável. Mas temos de tomar
cuidado com a água. Estamos detonando nossas florestas, desprotegendo rios. O que não pode é as conquistas serem atacadas pelos ruralistas.
Sobre as queimadas, a Embrapa tem dois centros de agricultura contra o fogo. O agricultor moderno, sintonizado com produção de baixo carbono, não usa fogo e protege sua área do fogo. Faltam aplicar a tecnologia e, quando houver queimadas, punir. As multas não são pagas.

O Globo, 20/10/2010, O País, p. 18

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