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Desmatamento cai 88% na Amazônia

O Globo, O País, p. 9
25 de Jun de 2009

Desmatamento cai 88% na Amazônia
'A guerra é agora', diz Minc, admitindo que problema piora na época da estiagem

Soraya Aggege e Catarina Alencastro

Pelo menos 123 quilômetros quadrados da Amazônia Legal sofreram corte raso ou degradação em maio, segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A área desmatada equivale a quase 22 campos de futebol por hora, durante todo o mês de maio. Se comparado aos últimos três meses, quando a média de desmate foi de 65,6 quilômetros quadrados por mês, o índice cresceu. No entanto, com relação a maio do ano passado, a redução foi de 88%.
O Inpe prefere não fazer comparações com outros períodos, por causa da diferença nos níveis de cobertura de nuvens e de resolução dos satélites, mas avalia que a tendência geral é de redução do desmatamento da floresta. Em maio, os satélites observaram 38% da Amazônia Legal, porque 62% estavam cobertos por nuvens. No trimestre anterior, 80% da Amazônia estavam com nuvens. No fim do ano, o sistema Prodes apresentará dados mais completos.
Do total de 123 km² observados em maio, quase metade (61 km²) estão em Mato Grosso, que em maio foi o estado que pôde ser observado melhor pelos satélites. Amapá, Pará, Amazonas e Acre não puderam ser monitorados adequadamente.
Em Brasília, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, disse ontem que a falta de visibilidade dos satélites explica apenas em parte a queda de 88% no desflorestamento. Ele creditou o resultado ao incremento de ações de repressão à ilegalidade ambiental.
- É por causa das nuvens uma ova. Lá embaixo, o pessoal tava dando uma dura (nos desmatadores) - disse Minc, reafirmando que este ano o Brasil terá o menor desmatamento dos últimos 20 anos.
- Comparando todo esse ano com todo o ano passado já tivemos uma queda de 60% - completou o ministro.
Além das operações, Minc mencionou pactos com o setor produtivo, como a moratória da soja, segundo a qual empresas não compram mais o grão plantado em áreas de desmatamento. Ele admitiu, no entanto, que o grosso do desmatamento ocorrerá a partir do próximo mês, quando começa o período de estiagem na região.
- A guerra é agora - disse.
Pela manhã, depois de passar cinco horas se explicando na Comissão de Agricultura da Câmara, por ter chamado os grandes agricultores de "vigaristas", Minc voltou a dizer que a expressão usada foi "indevida". Ele garantiu, no entanto, que mantém sua posição de buscar um entendimento com a agricultura familiar e condenar as monoculturas e os latifúndios. O deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) reagiu e criticou duramente a gestão de Minc, que preferiu não responder. O deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA) defendeu a demissão do ministro.

O Globo, 25/06/2009, O País, p. 9

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