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Desde 1985 Brasil já perdeu uma França de florestas que foram transformadas em pasto

Um só planeta - https://umsoplaneta.globo.com/
04 de Ago de 2021

Levantamento do Mapbiomas mostra que entre 1985 e 2019 Brasil transformou 67,8 milhões de hectares de florestas em pastagens

Com o avanço da fronteira agrícola em direção à biomas importantes como a Amazônia e o Pantanal, entre 1985 e 2019 o Brasil transformou 67,8 milhões de hectares de florestas em pastagens, uma área maior que a da França, segundo um levantamento da plataforma Mapbiomas.
O estudo mostra que além das áreas de florestas que foram desmatadas e degradadas, também perdemos 8,6 milhões de hectares outros ecossistemas como áreas alagadas e savanas. Ou seja, no total, cerca de 76,4 milhões de hectares de vegetação nativa foram convertidos em pastagens.

Marcio Isensee e Sá, diretor do filme Sob a Pata do Boi, afirmou ao jornal alemão Deutsche Welle que "o boi é a forma mais fácil de ocupar um território, depois que você derruba a floresta, mesmo que não seja necessariamente para a produtividade. O capim você planta muito facilmente, pode ir de avião e jogar semente, vai nascer".
O pesquisador Tiago Reis, que estuda ações de combate ao desmatamento na Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, complementa: "A Amazônia vira pasto porque existem pessoas que não sabem extrair valor da floresta, só sabem extrair valor da floresta convertida em pasto, da pecuária extensiva e ineficiente".
Para Tiago, esse pecuaristas atuam de forma predatória, pois não recuperam o solo, não preservam pastagem, somente desmatam, queimam e usam o pasto até o solo se esgotar, e então partem para outras áreas. O pesquisador afirma ainda que em muitas situações a pastagem é usada apenas como um veículo para a grilagem, ocupando uma área pública invadida para que depois o grileiro possa correr atrás da posse.

No entanto, estudos já sugerem que o avanço da agropecuária sobre os biomas pode ser um tiro no pé do próprio setor e que o aquecimento do planeta e desmatamento já causam prejuízos bilionários ao agronegócio brasileiro.
Publicado pelo periódico World Development, um estudo liderado pela engenheira ambiental Rafaela Flach, pesquisadora da Universidade Tufts, nos Estados Unidos, calculou em US$ 3,55 bilhões por ano os prejuízos atuais só para a indústria da soja, que perde 5% de produtividade a cada dia de calor acima dos 30oC.
O desmatamento também é combustível para a crise hídrica do país. Na região amazônica, análises da equipe do Centro de Sensoriamento Remoto da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) mostram que a quantidade anual de chuva caiu à metade ao longo dos últimos 20 anos em regiões de Rondônia, norte de Mato Grosso e sul do Pará, onde a agropecuária ocupou até 60% de áreas antes florestadas, com prejuízo anual estimado em R$ 5,7 bilhões.

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