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Descoberta ossada indígena milenar

Diário Catarinense-Florianópolis-SC
Autor: DIEGO ROSA
19 de Fev de 2003

Uma equipe de 15 pesquisadores e estudantes da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), no sítio arqueológico localizado em Anita Garibaldi, no Planalto, descobriu o sepultamento de um líder da tribo Kaingang, índios que habitaram a região mil anos antes de Cristo.

Através das escavações foram encontrados ossos humanos (que seriam do cacique), 10 sinais da existência de fogueiras, pedaços de cerâmicas e objetos do mesmo material, como um copo e um vaso, que foram encontrados junto à ossada. As peças foram achadas numa profundidade de 40 centímetros.

O coordenador da pesquisa, Marco Aurélio Nadal De Masi, explicou que o ritual do sepultamento costumava ser feito na forma de comemoração. "Quando um líder morria, os índios esperavam a carne se decompor e depois enrolavam os ossos num poncho (manta). Os restos eram enterrados com objetos pessoais do cacique. O evento era uma festa. As mulheres faziam as fogueiras. Havia comes e bebes para celebrar a morte", detalhou o pesquisador.

O local onde o sítio foi descoberto fica localizado numa pequena elevação de terra que possui a forma de um círculo. Dentro dessa geometria, os índios enterravam os líderes sempre posicionados para o Norte.

Na frente do memorial eram feitas as fogueiras que circulavam um forno, feito a base de cerâmica, onde eram cozidos os alimentos para a cerimônia.

Todos os objetos colhidos serão levados para a Unisul. No campus, localizado em Palhoça, eles serão catalogados e limpos. Os ossos serão montados para visualizar a estrutura do esqueleto e servir de novas informações sobre a vida daquele índio. Conforme avaliação do tipo de ossada, De Masi disse que se trata de um homem adulto.

Depois da limpeza do material, as peças serão expostas no museu de Campos Novos. Desde o início do ano passado, quando os trabalhos arqueológicos iniciaram na região onde está sendo construída uma hidrelétrica, os estudantes da Unisul descobriram 230 sítios. A pesquisa é financiada pela empresa Campos Novos Energia SA, responsável pela obra.

O professor De Masi acredita que existam cerca de mil sítios na região. Os pesquisadores, que estão desde janeiro nessa tarefa, ficam até o final do mês trabalhando em Anita Garibaldi. A retomada só deve ocorrer em agosto

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