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Descoberta do ouro nos campos dos índios Xerente

Jornal do Tocantins-Palmas-TO
Autor: Jorge Gouveia
12 de Jan de 2004

O capim dourado, utilizado fortemente no artesanato da região do Jalapão, de onde passou a ser conhecido inclusive internacionalmente, passa agora a fazer parte da cultura das aldeias
Xerente em Tocantínia, a 80 quilômetros de Palmas, onde há uma vasta quantidade do capim, possivelmente maior que a do Jalapão

Ainda incipiente, o artesanato dos Xerente com o capim dourado está feito nos mesmos modelos daqueles que eles já faziam com a palha de buriti, materia prima da qual tiram as fibras que formam as costuras dos objetos que fabricam. Mas segundo o próprio coordenador da Associação Indígena Xerente (AIX), Gilberto Xerente, é preciso investir em modelos diferentes e arrojar um pouco mais nos acabamentos apesar de muitas peças fabricadas nas aldeias já estarem com qualidade semelhante às do Jalapão.

"O capim dourado veio no tempo certo, na época em que o artesanato com o buriti já está acabando. Nós vamos investir nos artesãos tentando melhorar a qualidade. O capim dourado para nós é como uma descoberta do ouro para os Xerente", explica o coordenador da Associação.

Nas 39 aldeias Xerente há grupos de mulheres que estão começando a tecer o capim, e aos poucos, o artesanato está sendo conhecido, uma vez que a produção é levada para a sede da AIX, onde há uma exposição para vendas e também trazida para a Capital, onde as peças já estão ficando conhecida pela população. São bolsas, cestos, cintos, objetos de adorno e até brincos, confeccionados pelas índias e alguns índios que também já aprenderam a arte do capim dourado.

Cacique
O Cacique da Aldeia Serrinha, Paulo Xerente, onde a maioria das mulheres estão fazendo o artesanato com o capim dourado, explica que a partir do momento em que os índios viram o artesanato dos brancos e descobriram que na Reserva Xerente havia muito capim, teve início até um trabalho, feito pela associação, para conscientizar as comunidades a não utilizar o fogo em queimadas.

"Nós estamos achando muito bom, porque há trabalho para todos. As mulheres fazem o artesanato e os homens também, eu mesmo faço algumas peças. Este capim pode ser considerado uma descoberta do ouro para nós, pois temos certeza que vai ajudar muitas famílias", afirma o cacique.

Colheita
Para colher o capim, que nasce nas veredas da região, que também têm bastante semelhança com as veredas do Jalapão, homens, mulheres e crianças saem a campo, mas todos já aprenderam a colher o material, já considerado precioso. Mesmo sob o sol quente, os índios recolhem pendão por pendão e vão juntando aos molhes, que amarram com a palha de buriti e levam para as aldeias. Mas desde a saída para a colheita é dito às crianças que só devem ser colhidos os pendões maduros, ou seja, aqueles que já estão dourados.

Da aldeia Serrinha, Augusto Rmõpre, 11 anos, Júnior Nrõmekwa, 9 anos e José Luís Sirowasdé, 8 anos, ajudam a família e colhedores da aldeia Fernando Sawrepte, Vanilda Ktidi, Helena Sipré e João Kazdazê. Este último diz que é preciso cuidado para não estragar o terreno que é muito frágil e tem muita água. "Também existem cobras, mas raramente aparecem e não nos incomodam, mas temos cuidados", explicou.

Divulgação
De acordo com o coordenador da Associação Indígena Xerente, eles estão procurando divulgar o trabalho para que as pessoas percebam que é um artesanato bonito e que não é caro. Segundo ele os preços dos objetos vão desde R$ 6,00 a R$ 60,00 para aqueles mais arrojados e podem ser encontrados na sede da associação em Tocantínia ou mesmo em algumas aldeias.

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