VOLTAR

Descaso revolta lideranças que discutem com a Funasa situação dos

Coiab-Manaus-AM
22 de Set de 2004

Revoltados com a situação de descaso com que está sendo tratada a saúde dos povos indígenas de Rondônia, lideranças de 52 povos se reunem nesta quinta-feira, 23/09, com representantes da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), para discutir o destino dos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI's) de Porto Velho e Vilhena, cujas ações estão paralisadas há mais de três meses, por falta de decisão sobre quem deverá assumir ambos os Distritos. Nos últimos anos o DSEI de Porto Velho foi gerenciado pela Coordenação da União das Nações e Povos Indígenas de Rondônia, Norte de Mato Grosso e Sul do Amazonas (Cunpir) e o de Vilhena pela ONG Proteção Ambiental Cacoalense (Paca). Participam da reunião, além das lideranças indígenas de Rondônia, o coordenador geral da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Jecinaldo Barbosa Cabral / Saterê - Mawé, e o assessor da Presidência da Funasa em Brasília, Ademar Gregório.

Os líderes indígenas, segundo o coordenador geral da Cunpir, Almir Surui, reúnem-se com a Funasa no intuito de avançar na negociação e a busca de consenso sobre quem deve gerenciar esses Distritos, embora as lideranças estejam em desacordo com a proposta da Funasa de repassar a responsabilidade da saúde indígena em Rondônia à Universidade Federal do Pará (Ufpa). "A Cunpir, enquanto representante dos povos e das associações indígenas de base discorda com esse encaminhamento, porque o pessoal de fora não conhece a história e realidade dos nossos povos. Na impossibilidade de uma organização indígena local assumir os Distritos, o melhor seria que a Funasa assuma de vez a gerência e administração dos mesmos", explica o líder Suruí.

Antes da intenção de assinar convênio com a Universidade Federal do Pará a Funasa tinha cogitado, convergindo com a expectativa do movimento indígena do Estado, a possibilidade da Coiab assumir os dois distritos. Preocupada com o estado crítico e a urgente necessidade de oferecer atendimento à saúde dos povos indígenas de Rondônia, a Coiab colocou-se prontamente a disposição, tendo que deslocar membros da Coordenação Executiva e da equipe técnica de saúde em quatro ocasiões para Porto Velho. O compromisso, porém, seria temporário, até ser definido quem de fato iria assumir os Convênios. Mas a proposta foi inviabilizada pelo coordenador regional da Funasa em Rondônia, vereador pelo PMDB no município de Cacoal, Josafá Biauhy Marreiro, que manifestou-se incomodado e contrário a qualquer tipo de supervisão no trabalho da Funasa em Rondônia e ao desenvolvimento pleno do controle social por parte dos usuários, conforme estabelece a legislação específica. Enquanto isso, as atividades dos Distritos de Porto Velho e Vilhena estão paralisadas há mais de três meses, acarretando o agravamento da falta de atendimento, que afeta principalmente às crianças e os velhos nas comunidades. Por outra parte, os profissionais de saúde, sem salário, decidiram ficar na cidade. Os de Vilhena estão em estado de greve.

Por conta desses fatos, os líderes indígenas, além de serem contrários à assinatura de Convenio com a Universidade Federal do Pará e exigirem a solução imediata da situação dos DSEI's de Porto Velho e Vilhena, deverão solicitar da presidência da Funasa intervenção no órgão em Rondônia e o afastamento do coordenador regional, Josafá Merreiro. Para os líderes, a saúde e os direitos dos povos indígenas não podem ser submetidos ao vai-e-vem de interesses pessoais e/ou interesses político-partidários, que intencionalmente buscam dividir às lideranças e o movimento indígena de Rondônia. "Comportamentos como estes são inadmissíveis, porque ao invés de ajudar agravam a situação da saúde dos povos indígenas, e isso não deve ser tolerado pela direção da Funasa", declara o coordenador geral da Coiab.

"Com a reunião, esperamos que a Funasa ponha fim ao estado crítico do atendimento à saúde indígena em Rondônia. Não é que a Cunpir ou qualquer outra organização indígena esteja insistindo em querer o Convênio, o que nos preocupa é a saúde dos nossos povos. Acreditamos que é preciso que a Funasa assuma de fato o seu compromisso com a saúde indígena", afirma o coordenador da Cunpir, Almir Suruí.

Outras informações podem ser obtidas pelos seguintes telefones da Cunpir, em Rondônia: (69) 3266998 / 3263401 / 2274511 / 81150771

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.