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Desastre consentido

JB, Opiniao, p.A10
25 de Fev de 2004

Desastre Consentido

Líder mundial na categoria da motosserra, o Brasil arrasou mais de 22 mil quilômetros de florestas no ano 2000. Os números são alarmantes. Foram divulgados pelo Banco Mundial (Bird). E o que é mais grave nessa história de arrastão ambiental é que não parou por aí. De acordo com dados levantados pelo governo federal, em 2002 o Brasil levou o desmatamento a conseqüências ainda mais desastrosas. Arrasou 25,4 mil quilômetros quadrados de florestas, área maior que todo o Estado de Sergipe.
Na origem e no destino do desmatamento há uma dupla atividade economicamente considerável. Parte das florestas derrubadas destina-se ao fornecimento de madeiras nobres - ou nem tanto - para as serrarias. E mais de 75% dos espaços desmatados destinam-se à expansão das fronteiras da agropecuária. Pará, Mato Grosso e Rondônia - campeões nacionais do desmatamento - respondem por uma parcela significativa do crescimento de 100% do rebanho brasileiro nos últimos anos.
A motivação econômica é tecnicamente discutível e não pode ser exclusiva. A conquista de novas áreas para a agropecuária tem que ser compatibilizada com uma política mais efetiva de preservação ambiental. O Brasil não é tão pequeno que não possa crescer sem destruir o meio-ambiente nem tão pobre que tenha necessidade de cavar a própria sepultura em troca de mais bois no pasto e mais madeira nas serrarias.
Há indícios, já detectados por técnicos do Ibama, de que os custos de desmatamentos podem ser maiores que os ganhos dos pecuaristas. Palavra de autoridade. O Brasil tem que abrir o olho enquanto é tempo. O Bird recomenda a criação de zoneamento ecológico. É uma idéia. E nada pode ser descartado diante da seriedade do assunto.

JB, 25/02/2004, p. A10

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