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Desaparecimento de três pessoas em terras indígenas gera conflito no Amazonas

O Globo, País, p. 7
27 de Dez de 2013

Desaparecimento de três pessoas em terras indígenas gera conflito no Amazonas
Polícia reforça efetivo em Humaitá para conter manifestantes que culpam índios pelo sumiço

PAULA LITAIFF
opais@oglobo.com.br

A Polícia Militar do Amazonas (PM) enviou na manhã de ontem uma equipe de 30 policiais da Tropa de Choque para tentar conter uma manifestação da população do município de Humaitá (a 675km de Manaus), na divisa com Rondônia. No local, já havia 140 policiais. Um grupo de aproximadamente 300 pessoas protestou, anteontem, contra o desaparecimento de três homens em terras Indígenas no último dia 16 de dezembro, ateando fogo em prédios públicos, carros e até embarcação na cidade. Quatro policiais ficaram levemente feridos.
Naquele dia, três pessoas viajavam de carro para o município de Apuí: o professor da rede pública municipal Stef Pinheiro de Souza, o gerente da Eletrobras Amazonas Energia Aldeney Ribeiro Salvador e o representante comercial Luciano da Conceição Ferreira Freire. Eles pretendiam prestar serviços na cidade vizinha.
De acordo com a irmã de Luciano Freire, Luzineide Ferreira Freire de Lima, amigos da família dizem ter visto um grupo de dez índios cercar o carro em que estavam os desaparecidos e obrigá-los a entrar na aldeia.
- Até agora não entendemos o motivo de os índios terem feito isso. Todas as pessoas que estavam dentro daquele carro tinham um bom relacionamento com os moradores da aldeia - afirmou Luzineide.
A comerciante e líder comunitária de Humaitá Kátia Olivença contou que o protesto na noite de anteontem foi uma iniciativa de de 20 parentes dos desaparecidos que não estavam recebendo qualquer retorno das forças policiais.
- Eles e um grupo de umas 350 pessoas prepararam um material inflamável, com gasolina, Álcool e Éter etílico (coquetel molotov), e definiram um mapa dos locais e veículos que seriam atingidos - disse Kátia.
Ela disse que o grupo decidiu atear foto somente em prédios e veículos usados para prestar serviços aos Indígenas e, por isso, começaram pelas sedes da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e da Fundação Nacional de Saúde (Funasa).
Na quarta-feira, o superintendente da Polícia Federal de Rondônia (responsável pelo policiamento de Humaitá por conta da proximidade (200km), Carlos Manoel Gaya, declarou que 20 policiais federais estão entrando de forma pacífica nas aldeias para procurar os desaparecidos.
-A área é muito grande, e reconhecemos que os Indígenas não colaboram muito, mas temos nossa metodologia de trabalho e temos certeza de que vamos conseguir informações o mais breve possível - disse Gaya.

O Globo, 27/12/2013, País, p. 7

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