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Desafio mais difícil será demarcação de terras

Estado de S.Paulo-São Paulo-SP
09 de Set de 2003

Em Roraima, onde a situação é complicada, cidades inteiras ficam em áreas indígenas

Um dos grandes desafios à espera do novo presidente da Funai, Mércio Pereira Gomes, além das resistências de grupos indígenas e falta de recursos, é a demarcação das terras - uma discussão que se arrasta, há longo tempo, em diferentes áreas do País. Técnicos da Funai avaliam que tribos, fazendeiros e posseiros brigam por limites de terras em pelo menos cinco Estados. "Se conseguirmos demarcar as áreas em três anos e meio, seremos heróis", disse ontem Gomes.

Para começar, faltam verbas para a demarcação e as indenizações. A situação é mais grave em Roraima, onde fazendeiros, políticos e a maior parte da população reclamam da intenção do governo de homologar a área Raposa Serra do Sol, perto da cidade de Normandia. Se a demarcação dessa área for confirmada, várias propriedades e até cidades podem desaparecer. O governador Flamarion Portela chegou a trocar de partido, do PSL para o PT, num gesto interpretado como tentativa de reverter a situação. Mas a decisão deve ser mantida e caberá ao Estado localizar novas áreas para abrigar os prejudicados.

Em Mato Grosso do Sul, centenas de agricultores, mesmo com títulos de posse expedidos pelo presidente Getúlio Vargas, nos anos 40, disputam áreas com índios terenas e guaranis caiovás, próximo do município de Dourados.

Já em Mato Grosso, xavantes da Reserva Sumidouro podem entrar em atrito com plantadores de soja, entre eles, o próprio governador Blairo Maggi (PPS). Na Bahia, depois de deixarem as terras demarcadas na década de 50, pataxós decidiram retornar nos últimos anos, desagradando a posseiros e fazendeiros.

Segundo dados da Funai, cerca de 70% das 580 áreas indígenas já foram demarcadas. Os 30% restantes são justamente as áreas de conflito. (E.L.)

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