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Deputados votam hoje relatório sobre grilagem de terras no Amapá

Diário do Amapá-Macapá-AP
27 de Out de 2004

Membros da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) das Terras Públicas, que ficou conhecida como CPI da Grilagem de Terras, entregaram ontem à tarde ao presidente da Assembléia Legislativa, de-putado Lucas Berreto (PDT), o relatório final sobre as denúncias de grilagem de terras da União por parte de grandes empresas que atuam no Estado. O presidente da CPI, de-putado Jorge Salomão (PL), disse que o trabalho foi intenso, pois teve que ouvir muitas pessoas que chegaram a vender terras sem estarem devidamente tituladas. O relatório é bastante contundente e mostra que algumas empresas que adquiriram pequenas glebas de terras já possuem, em pouco tempo, um verdadeiro império. O deputado Ruy Smith (PSB), relator da CPI, disse que há indícios de pilhagem de terras e denunciou que existem Cartórios de Macapá facilitando a documentação das terras para as empresas. "Alguns cartórios estão ti-tulando terras públicas, caracterizando uma ilegalidade", denunciou o parlamentar. Cópias do relatório serão enviadas ao governador Waldez Góes, aos Ministério Público Estadual e Federal, à Pastoral da Terra e às entidades representativas do governo federal, como o Incra e o Ibama.

A leitura do relatório foi suspensa ontem, depois que o deputado Jacy Amanajás, membro da CPI, pediu que fossem incluídos mapas que comprovam as denúncias de grilagem de terras e que não constavam do relatório final. Por isso, a leitura será procedida em sessão especial hoje à tarde, oportunidade em que os parlamentares votarão o parecer do relator da CPI. Ouvido pelo Diário do Amapá, o deputado estadual Dalto Martins (PMDB), disse que "a CPI deu uma grande contribuição ao Estado. Ficou comprovado que as grandes empresas invadiram terras da União". A CPI constatou, por exemplo, que a International Paper havia adquirido terras além do que teria sido permitido pelo governo. Por conta disso, a empresa teve de devolver 105 mil hectares ao estado. Havia casos, inclusive, em que a empresa adquiria 1 hectare, mas cercava 10 mil. Em outras situações, posseiros vendiam 500 hectares e a companhia se apossava de 5 mil. No relatório, Ruy Smith sugere que os Ministérios Público Estadual e Federal fiscalizem as terras da União, e que uma Comissão Permanente da Assembléia Legislativa observe de perto a posse de terras por parte dos grandes projetos agroflorestais. (Com reportagem de Aníbal Sérgio)

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