VOLTAR

Deputados estaduais vêem com ressalva a criação de grupo de estudo interministerial

Brasil Norte-Boa Vista-RR
08 de Ago de 2003

O anuncio dado à bancada federal roraimense pelo ministro da Casa Civil, José Dirceu, de que criaria um grupo de estudo interministerial para avaliar uma solução ao problema fundiário de Roraima, não foi bem recebido pelos deputados estaduais, que vêem a medida com ressalvas. Temem que seja um discurso político para protelar uma definição.

De acordo com Édio Lopes (sem partido), 'a posição do Governo Federal não só atrasará, como é previsível que o resultado será insatisfatório'. Argumentou que dos chefes das pastas envolvidas na comissão interministerial pelo menos dois têm filosofia bastante conhecida: Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário) e Marina Silva (Meio Ambiente).

"O destempero do ministro responsável pela reforma agrária brasileira nos preocupa, pois dificilmente permitirá o incremento da produção agrícola empresarial aqui, enquanto que a ministra tem entendimentos e ações radicais no aspecto ambiental. Para mim, além deste grupo retardar mais a solução, o resultado não será nada animador", declarou.

Pressão
Na análise de Raul Lima (PSDB), ao se observar o encontro entre a bancada e José Dirceu deve-se traçar um paralelo com a votação das reformas. Lembra que, apesar de uns deputados anunciarem atrelar uma coisa à outra, somente Chico Rodrigues (PFL) e Suely Campos (PP) votaram contra a proposição que altera as regras do sistema previdenciário.
"Estes parlamentares estão de parabéns, pois o desfecho favorável a Roraima depende de pressão política. Sobre a indefinição fundiária, neste momento, eu me sinto sem esperança nenhuma. Não acredito do discurso propagado, nem vislumbro boa vontade por parte do governo Lula em transferir as terras para o domínio do Estado", desabafou Raul Lima.

Engodo
Para o deputado Mecias de Jesus (PL), presidente da Assembléia, 'a criação desta comissão vai atrasar, complicar e tumultuar mais o problema, além de aumentar a expectativa do povo roraimense'. Ressaltou também que dará mais espaço às ONG's, que têm exercem forte influência junto ao Governo Federal, se mobilizarem para prejudicar o Estado.
"Não sei qual a razão dos parlamentares federais terem saído da audiência com o ministro José Dirceu aplaudindo, devem ter ouvido uma promessa muito boa e convincente. A situação é preocupante porque o desenrolar destes grupos de estudo são conhecido, engodo e embromação. Aliás, o governo Lula precisa se achar", afirmou Mecias de Jesus.

Retrocesso
Rodolfo Braga (sem partido), afirmou que o resultado final dos trabalhos só atenderá os interesses do Governo Federal. "Digo e repito, o presidente Lula até agora não demonstrou efetivamente compromisso com Roraima. Portanto, não acredito que vá ouvir a bancada no que diz respeito ao impasse fundiário, que envolve a questão indígena", enfatizou.
A criação de mais grupo de estudo é, segundo Urzeni Rocha (PSL), um retrocesso aos avanços já conquistados. "Vejo existir uma intenção positiva na medida, ao mesmo tempo em que sinaliza ser um caminho para protelar. Acho que, mesmo que as coisas não se efetivassem de imediato, a decisão de resolver teria que ter sido dada na audiência".

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.