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Deputados acreanos defendem construção de hidrelétricas

A Tribuna-Rio Branco-AC
Autor: Josafá Batista
23 de Out de 2003

As bancadas estadual e federal do Legislativo do Acre apóiam a construção das usinas hidrelétricas nas comunidades de Jirau e Santo Antônio, em Rondônia. A favorabilidade é contrária à recente ameaça do governo federal, sob pressão dos ambientalistas, de retirar o projeto de construção das usinas da pauta de obras do Plano Plurianual (PPA).

Os parlamentares ressaltam, no entanto, a necessidade de um criterioso estudo de viabilidade técnica antes de construir as hidrelétricas. A ressalva tem motivo: ambientalistas e governo temem um gigantesco impacto ambiental na Floresta Amazônica. Mesmo assim, mais de um deputado estadual do Acre manifestou desejo de "minimizar os impactos" e construir as obras, ao invés de simplesmente abandoná-las.

"Não podemos pôr a Amazônia numa redoma intocável. O posicionamento do Ministério do Meio Ambiente e da própria ministra Marina Silva é de sair da posição do 'não pode' para a posição de 'como podemos fazer', em relação às políticas ambientais. Naturalmente, temos que usar nossas riquezas sem ação predatória contra o meio-ambiente", ressalta a deputada federal Perpétua Almeida (PC do B), uma das defensoras da construção das hidrelétricas - sem danos ambientais.

No Acre, o deputado estadual Luiz Calixto (PPS) não entrou no mérito da indecisão do governo federal em relação às obras, mas também se mostrou favorável às construções.

"Não se trata apenas de gerar energia e de pôr o Acre em condições de igualdade econômica com outros Estados, pelo menos no quesito energético. É uma fortíssima forma de geração de empregos. No entanto, temos que analisar com calma os estudos de impacto e de viabilidade técnica, temos que lutar para que essas hidrelétricas venham para a nossa região", disse.

Polanco lamenta retrocesso

Deputado estadual envolvido com a questão do desenvolvimento amazônico no contexto mundial de preservação ambiental, Ronald Polanco (PT) disse ontem que "lamenta a decisão" do governo federal de rever o projeto para a construção das hidrelétricas. Polanco explica que o impacto ambiental de ambas será mínimo e que o investimento é necessário, estratégico e urgente.

"Se o governo fizer isso, será um retrocesso nas políticas para a Amazônica, inclusive na área ambiental. Não podemos pensar pequeno quando o assunto é desenvolvimento. A história mundial aponta que as próximas guerras do mundo serão por energia. Só nas últimas décadas as grandes empresas gastaram R$ 260 bilhões para manter sua produção atual. O Brasil tem agora a oportunidade de não apenas manter, mas investir na geração barata de energia elétrica e não poluente", explicou.

O parlamentar adianta alguns detalhes técnicos do projeto. A bacia a ser inundada pelas duas hidrelétricas, segundo ele, é do tamanho da bacia naturalmente formada pela enchente do rio Madeira, anualmente.

"Devemos pensar grande. O novo milênio exigirá de todos os países uma excelente estrutura energética. A rebelião na Bolívia aconteceu por isso, os Estados Unidos estavam comprando gás a preço de banana porque o parque norte-americano está em queda. Lamento que o governo Lula não esteja pensando de forma a encarar essas situações. A China, por exemplo, abastece 45% da energia deles com energia hídrica. Por que não fazemos o mesmo?", disse.

Impacto ambiental é desconhecido

"Acho que a questão deveria ser mais divulgada, até porque é uma obra pública e precisa de maiores esclarecimentos. Eu sinceramente confesso que há muitas coisas que preciso saber, principalmente relacionadas com o impacto ambiental a ser causado. Há um estudo técnico em andamento e ele deve ser melhor divulgado para que a opinião pública se posicione rápido" - deputada estadual Naluh Gouveia (PT)

"Nenhuma hidrelétrica pode fazer isso. Construir hidrelétrica na Amazônia não é como fazer um carro, é preciso levar em consideração todas as possibilidades de impacto. Por isso, acho que é necessário um estudo prévio de viabilidade técnica antes de qualquer posicionamento radical. Também temos outras alternativas de geração de energia, como o gasoduto de Urucu" - deputado estadual Edvaldo Magalhães (PC do B)

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