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Deputada teme não ter terras para se viver em Roraima

Folha de Boa Vista - http://www.folhabv.com.br/fbv/noticia.php?id=58934
30 de Mar de 2009

A deputada estadual Aurelina Medeiros (PSDB) disse temer não ter terras para se viver em Roraima, em virtude das homologações de áreas indígenas, unidades de preservação e, principalmente, da possibilidade de criação de territórios indígenas. A parlamentar foi uma das entrevistadas do programa "Agenda da Semana", veiculado nas manhãs de domingo e apresentado ontem pelo administrador Marcelo Nunes, na Rádio Folha (AM 1020).

"O meu temor vai além da criação dos territórios indígenas. Até quando o Estado vai ter terras para a gente viver? Tem que se buscar imediatamente a definição das questões de terras indígenas e fundiárias de Roraima", afirma. A deputada fez ainda críticas à ideia já exposta por organizações e professores universitários locais de se criar territórios federais indígenas e às atitudes do Governo Federal em homologar áreas para os índios e não oferecer a assistência necessária, papel que é desempenhado, hoje, pelo governo estadual.

Ela citou as condições atuais dos yanomamis, que após a homologação da área, ficaram sem a assistência necessária à sobrevivência. Hoje, conforme Aurelina, a expectativa de vida destes índios é de apenas 29 anos. "Várias comunidades indígenas foram demarcadas e os índios estão jogados à própria sorte. Então, fica ali um depósito de terras e pessoas que parecem não ser gente. Falta presença da União, que é a tutora dos índios", criticou.

A deputada acrescenta ainda que parlamentares, senadores, demais autoridades e população de modo geral devem estar atentos aos reais interesses de organizações não-governamentais (ONGs) que atuam na Amazônia. Para ela, é estranho estas entidades estarem interessadas em atuar apenas com as minorias da região amazônica, enquanto o nordeste do País apresenta problemas mais graves. A grande quantidade de água, minérios e outras riquezas do subsolo amazônico somados à baixa densidade demográfica se constituiriam em foco de interesse internacional.

Por isso, depois da homologação da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, a atenção de deputados federais e senadores, que têm mais força do que os deputados estaduais, segundo ela, deverá estar voltada para as discussões sobre novas demarcações. "O que nós podemos fazer é gritar. A Câmara e o Senado têm competência para se debruçar sobre o assunto e definir estas questões sobre terras", destaca.

FUNAI - Em relação ao papel da Funai em Roraima (Fundação Nacional do Índio), Aurelina fez críticas duras e afirmou que, em determinadas situações, o Estado desempenha a função que caberia à entidade federal. "Para mim, ela não tem função nenhuma. Não faz nada. A Funai aqui é uma mera repassadora de ordens. A documentação dos índios, que seria uma coisa de base para Funai fazer, de vez em quando, é o governo que está fazendo por meio de seus programas e ações, para ver se regulariza a situação de nascimento destas pessoas", conclui. (WS)

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