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Denunciada ação em terras demarcadas

O Povo-Fortaleza-CE
27 de Ago de 2002

Com suas terras oficialmente demarcadas desde o ano 2000, os tremembés do Córrego João Pereira continuam a enfrentar conflitos com um posseiro na área indígena. A denúncia encaminhada a Procuradoria da República, Funai e Polícia Federal, solicita providências por parte dos órgãos a fim de resolver o impasse

Lideranças dos índios da aldeia Tremembé Córrego João Pereira, localizada nos municípios de Itarema, com 2.600 hectares, e Acaraú, com 540, estiveram ontem em Fortaleza denunciando na Procuradoria da República, a invasão da área indígena no último domingo, 25, por um grupo de 10 policiais armados, que chegaram a aldeia em três viaturas. As terras dos tremembés foram identificadas oficialmente em fevereiro de 1999 e demarcadas pela Funai (Fundação Nacional do Índio) em julho de 2000.

A ação teria sido uma represália ao conflito existente entre os índios e o pecuarista Francisco de Assis de Sousa, o único dos 21 posseiros da área que permanecem na terra indígena após a demarcação. De acordo com informações do grupo, composto por José Itamar Teixeira; Sebastiana Teixeira; Maria Socorro dos Santos Rocha e Francisco Alves Sobrinho; Chico Jovino, forma como Sousa é conhecido, continua ocupando uma parte da terra dos índios no município de Acaraú com moradores e gado, se recusando a receber a indenização que lhe cabe, já depositada em juízo.

Com isso, em junho último ele teria soltado o rebanho que tem cerca de 200 cabeças nas terras prejudicando a lavoura. Cansados da situação, no último sábado, 24, os índios se organizaram e expulsaram parte do gado que pastava na área. A polícia foi chamada pelo pecuarista. O grupo diz que os policiais chegaram ao local com armas em punho. E teriam feito busca de armas inclusive num índio de 75 anos. O caso também foi comunicado ao escritório da Funai e a Polícia Federal, órgãos aos quais os tremembés do Córrego João Pereira solicitam providências no sentido de terem condições de viver em paz com suas famílias na terra que pertence a tribo.

Ouvida ontem à noite pelo O POVO, a filha do pecuarista Chico Jovino, Lúcia, disse que ele havia chegado de viagem e dormido cedo. Esclareceu que a situação não era bem como os índios relatam, mas disse não saber explicar direito. O POVO também tentou contato com a Delegacia de Marco pelos telefones, na busca de esclarecimentos para os fatos denunciados, mas não obteve êxito.

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