Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: Ray Araújo
09 de Jun de 2003
A homologação da Terra Indígena Moskow, localizada no município de Bonfim, assinada no dia 3 deste mês, deixou os moradores das outras áreas pretendidas e em processo de homologação, mais preocupados.
Os mais apreensíveis com a definição são os moradores do município de Uiramutã, uma das regiões mais bonitas do Estado e com grande potencial turístico, mas pouco explorada.
Famílias que moram em pequenas vilas do município temem ter que abandonar suas moradias caso esses locais sejam transformados em áreas indígenas.
A notícia da homologação da Terra Indígena Moskow só chegou para os moradores da vila do Mutum, município de Uiramutã, no final de semana. "Estamos muito preocupados com essa questão indígena. Sou filho daqui, se tiver que sair, não tenho para onde ir", disse Sabino Araújo Brito, um dos primeiros moradores da vila.
Essas famílias temem que uma decisão sobre a questão indígena no Estado, os obrigue a uma mudança em suas vidas. "Nasci na região do Uiramutã, meus filhos nasceram e cresceram aqui, se tivermos de sair não teremos para onde ir", disse a moradora Débora Gomes, ao destacar que na vila não há conflito com índios.
A Vila do Mutum está localizada a 360 quilômetros de Boa Vista, 173 destes de estrada sem asfalto, e é habitada por cerca de 95 famílias. São pessoas que há muitos anos estão na região e poucas vezes vêm a Boa Vista.
"A gente só vai a Boa Vista, quando precisa de algum serviço que aqui não tem", disse Elenir Rote da Luz, que mora há 15 anos na região e há dois está na vila do Mutum. Duas vezes por semana tem ônibus para Boa Vista.
Esses moradores tiram seu sustento da agricultura, que é de subsistência. Outros são servidores públicos ou pequenos comerciantes. O comércio é aquecido pelos moradores vizinhos de pequenas comunidades que pertencem a República Cooperativista da Guiana.
O Rio Maú, que fica há poucos metros da vila, é também a divisa dos territórios brasileiro e guianense. O baixo preço dos produtos brasileiros, com relação ao país vizinho, faz com que os guianenses andem até dois dias a pé e atravessem o rio para fazer suas compras no Mutum.
"O custo de vida lá é muito alto, por isso eles vêm comprar aqui," disse Terezinha de Jesus Oliveira Khan, ao destacar que um litro de óleo, que no Mutum é comercializado a R$ 3,50, nas vilas guianenses custa em média R$ 8,00.
Com um grande número de clientes estrangeiros o comércio adotou a utilização de duas moedas: o Real e o Dólar guianense. Atualmente a vila possui 16 pequenos comércios, a maioria vende basicamente produtos alimentícios.
JUSTIÇA- Está prevista para amanhã, a chegada a Roraima, do ministro da Justiça, Thomaz Bastos. Ele deverá passar quatro dias no Estado, participando de audiências com os segmentos sociais interessados na solução da questão fundiária, principalmente quanto a homologação da terra indígena Raposa/ Serra do Sol. O ministro também deverá fazer vistoria nas áreas pretendidas.
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