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Demarcação de terras gera tensão em Palmeira

Gazeta de Alagoas-Maceió-AL
04 de Nov de 2003

Empresários e agropecuaristas pedem interferência dos senadores Renan e Teotonio para evitar conflito político-social

Uma comitiva formada por 21 empresários e agropecuaristas de Palmeira dos Índios reuniram-se, ontem, com os senadores Renan Calheiros (PMDB) e Teotonio Vilela Filho (PSDB) para pedir a interferência de ambos "a fim de evitar o maior conflito político-social", que está para acontecer no município caso seja concretizada a demarcação de uma área de 15 mil hectares de suas propriedades para o programa de reforma agrária indígena na região.
"Essas propriedades são um patrimônio que herdamos dos nossos pais e avós há mais de 120 anos, todas elas registradas e produtivas. Não é justo que sejam demarcadas e entregues a índios de quatro aldeias que chegaram ao município há 60 anos, procedentes de Porto Real do Colégio e de Águas Belas (PE). Não existe na região nenhum sítio arqueológico, mas sim pessoas que produzem, que geram riqueza".
Esse foi um dos argumentos apresentados pelo agropecuarista Alfredo Cortez, expressando a preocupação e apreensão do grupo - "e de toda a comunidade palmeira, porque nenhuma entidade, exceto o Conselho Indígena Missionário (Cimi), da Pastoral da Terra, apóia esse processo estranho de demarcação que a Fundação Nacional do Índio (Funai) pretende fazer nas terras mais produtivas do município".
E completou: "No momento em que o presidente Lula está liderando uma grande cruzada nacional para aumentar a oferta de emprego no País, um processo de demarcação como esse seria um grande retrocesso. Estaríamos colocando Palmeira dos Índios na contramão do desenvolvimento que se deseja para o País, tirando as terras de quem produz para dar a índios aculturados que nada colhem nos 1.500 hectares de suas aldeias".
Prejuízo
Os empresários e agropecuaristas reforçaram, no encontro com Renan e Teotonio Vilela, o pedido que o prefeito Albérico Cordeiro (PTB) fez ao governador Ronaldo Lessa, sexta-feira, para defender em Brasília uma solução do imbróglio que envolve a demarcação das terras. São 15 mil hectares em 60 distritos e povoados, atingindo dois mil propriedades rurais, com prejuízo para 12 mil pessoas, segundo o prefeito.
O agropecuarista Alfredo Cortez lembrou que essa pretensão da Funai é antiga. Em 1998, quando o senador Renan Calheiros era ministro da Justiça, contornou um impasse semelhante com a aquisição, pelo governo federal, de duas fazendas para assentamento dos indígenas de Palmeira dos Índios. Os dois senadores pretendem se reunir ainda esta semana com o ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, fim de encontrar uma solução para o impasse.
Encontro
Renan pediu a sua assessoria para agendar a reunião o mais rapidamente possível. "Vamos conversar com o ministro para encontrar uma alternativa. O que desejamos para Alagoas e para todo o Brasil é paz, melhores condições de vida, de bem-estar social para o nosso povo, e não um conflito de tamanha proporção como esse que preocupa todos os segmentos produtivos de Palmeira dos Índios", completou o senador.
A reunião foi no escritório do senador Renan, no Farol. Estiveram presentes, também, o deputado estadual Cícero Ferro (PMDB) e o vereador de Palmeira dos Índios, Coi Leite (PSB). Outros integrantes do grupo foram os empresários Noé Simplício, o médico e agropecuarista Wilson Costa, Heleno Nonato, Marcos Ramos, Neno Leite, o pecuarista e diretor do Colégio Cenista José Lopes, Leopoldo e Lino Torres, o procurador da Prefeitura, Marcos Guerra, e o advogado Ricardo Vitório, ex-superintendente do Incra em Alagoas, entre outros.

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