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A demarcação da Raposa/Serra do Sol:

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: Maria Helena*
17 de Abr de 2005

Uma agressão a Roraima

Indignação! Não há outra expressão que traduza melhor o sentimento dos roraimenses e o meu próprio perante essa decisão do Governo Federal que, por todos os pontos de vista isentos e equilibrados, é equivocada, discriminatória e socialmente injusta.
Enquanto o Presidente Lula viaja pela África, sem resultados palpáveis, às custas do povo brasileiro, seu Ministro da Justiça e outros executivos, de olhos ofuscados pelos holofotes da mídia fácil e seduzidos por organizações e interesses anti-nacionais, executam contra o Estado de Roraima um golpe definitivo.
Nos tiraram, sem acordo, sem justificativa e contra o desejo da maioria do povo roraimense, e das próprias comunidades indígenas, as áreas de maior produção de arroz do Estado, criando obstáculos à realização de nossos sonhos e projetos de desenvolvimento.
Um governo que se diz popular, e se notabiliza pelo bom mocismo diante das regras do FMI e pela caridade com outros países às custas do nosso sacrifício, não poderia agir desse modo. Não é razoável que jogue no desalento milhares de pessoas e no prejuízo milhões de reais em investimentos privados. Não é democrático que contrarie a vontade popular e obedeça orientações burocráticas e interesses obscuros. Não é legítimo que esmague o princípio federativo.
Nós, parlamentares federais e o próprio Governador do Estado, há poucos dias fomos recebidos em audiência pelo presidente do INCRA, que sinalizou simpaticamente para uma negociação que reconhecesse a necessidade de gestão estadual sobre 4 dos 22 milhões de hectares do território roraimense. Através da transferência de domínio de terras públicas federais para o Estado se poderia exercer minimamente o planejamento de nosso desenvolvimento. Vejo agora com desconfiança essa tentativa. Tem ares de "compensação" incerta e precária pelo golpe que sofremos.
Infelizmente, a nação brasileira, receptora de informações quase exclusivamente geradas no eixo Rio - São Paulo a partir dos grandes jornais e revistas, não tem idéia do que verdadeiramente acontece em nossos rincões. Não sabe o que são as vilas Socó, Mutum e Surumu. Não imagina o significado da rizicultura para nossa economia. Ficamos a mercê do que desejam, insinuam e divulgam os adversários de Roraima.
É preciso reagir! Nós que representamos politicamente o povo de Roraima e temos compromisso com o seu futuro não podemos aceitar calados e quietos essa agressão. Devemos tornar público o nosso protesto e insatisfação, temos que expor as nossas razões, agir na forma cabível e tentar alterar, se possível na Justiça, essa decisão absurda que inclui áreas produtivas e vilas, economia, patrimônio, história, cultura e pessoas, na demarcação da Reserva.
* Deputada Federal pelo PPS/RR, e Presidente da Comissão da Amazônia, Integração Nacional e de Desenvolvimento Regional da Câmara dos Deputados

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