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Demarcação acirra clima de confronto

Estado de S. Paulo-São Paulo-SP
14 de Set de 2003

PACARAIMA - A homologação ou não da demarcação da reserva Raposa Serra do Sol pela União talvez seja uma das notícias mais esperadas em Roraima.

Qualquer que seja o resultado, vai causar um clima de tensão na região, onde fazendeiros, posseiros e produtores de arroz disputam com os índios macuxis, uapixanas, ingarikós, patamonas e taurepangues uma área de 1,6 milhão de hectares. Se a decisão for pela homologação, Uiramutã, cidade localizada no extremo norte do Estado, também se tornará parte da área.

"Hoje é a situação mais complicada na região", confirma o coordenador da Comissão Indigenista de Roraima (Cir), Jacir José de Souza. Há vários anos, o episódio envolvendo a demarcação da Raposa Serra do Sol foi marcado não apenas por dezenas de ações judiciais, mas também por sangue.

Diversas pessoas já morreram na disputa pela terra e em choques que se tornam freqüentes a cada dia. Como em Pacaraima, moradores de Uiramutã e vilas populosas temem pela desapropriação e querem uma demarcação que respeite as propriedades, enquanto os índios desejam um sistema contínuo, abrangendo a área total.

Há 54 anos na Vila Surumu, a comerciante Maria Luiza Pereira gosta de lembrar do tempo em que chegou da Paraíba com a família. "Saí daqui uns quatro anos, mas voltei de saudades", diz. "Se tiver de sair de novo, não sei o que vai me acontecer. Nós (índios e brancos), éramos todos amigos. Por que isso, agora?"

O governo do Estado e a União estudam uma forma de compensar os moradores, transferindo-os para outras áreas. "Mas, quando se fala em retirar o pessoal, o clima fica tenso de novo", relata Maria Luiza.

O vice-prefeito de Pacaraima, Francisco Roberto Nascimento, que também administra Surumu, já pensou em uma alternativa. "Nossa sugestão é que a reserva seja feita por ilhas, excluindo da demarcação rodovias, municípios, vilas e áreas produtivas." (E.L.)

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