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Demanda por energia bate três recordes seguidos esta semana

OESP, Economia, p. B4
04 de Fev de 2010

Demanda por energia bate três recordes seguidos esta semana
Calor e retomada da atividade industrial fizeram com que o consumo ultrapassasse os 70 mil MW ontem

Nicola Pamplona

A demanda por energia ultrapassou ontem, pela primeira vez na história, os 70 mil megawatts (MW). O recorde, de 70.400 MW, foi atingido pouco depois das 15 horas por causa das altas temperaturas e da retomada da atividade industrial segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS).

Trata-se do terceiro dia consecutivo de recordes na demanda. Diante dos limites operacionais do sistema de transmissão de Itaipu, o ONS vem ligando as térmicas a gás, mais caras, para suprir a demanda.

O diretor-geral do ONS, Hermes Chipp, diz que a situação pode se repetir nos próximos dias, caso as temperaturas permaneçam elevadas. Ele garantiu, porém, que não há risco de desabastecimento, uma vez que os reservatórios das hidrelétricas estão cheios, em razão do grande volume de chuva nas últimas semanas.

Segundo dados do ONS, os reservatórios das Regiões Sudeste e Centro-Oeste estavam com 77,09% da capacidade na terça-feira. No Norte, o índice chega a 90,67% e no Sul, a 96,69%.

"Trata-se da melhor situação nos últimos 10 anos", afirmou o executivo, lembrando que as projeções do governo indicam que haverá sobra de energia elétrica até 2014, mesmo com um crescimento econômico de 6%.

O recorde de demanda anterior, atingido às 14h42 de terça-feira, havia sido de 68.761 MW. Um dia antes, também houve demanda histórica, às 15h40, de 67.774 MW. O calor provocou uma alteração na curva de consumo de energia no País, que vem apresentando dois horários de pico: o primeiro no início da tarde, provocado pela atividade industrial e pelo grande número de aparelhos de ar condicionado ligados; o segundo, já tradicional, no começo da noite, quando as indústrias permanecem ligadas em tem início o consumo residencial, com muitos chuveiros ligados.

Embora não veja risco de desabastecimento, o ONS vem despachando usinas térmicas para suprir a alta demanda, uma vez que o sistema de transmissão de Itaipu opera com restrições desde o apagão de novembro do ano passado, que causou transtornos em 18 Estados. A usina, que costumava operar acima dos 10 mil MW, está inserindo no sistema um volume em torno dos 8 mil MW. Já as hidrelétricas nacionais estão operando a plena carga.

Anteontem, o despacho de térmicas chegou a 2.472 MW. Segundo Chipp, esse volume representa um custo adicional de cerca de R$ 5 milhões por semana, que serão divididos na conta de luz de todos os brasileiros, de acordo com as datas de reajuste de cada distribuidora.

A previsão é que o sistema de Itaipu volte a operar por completo no início de maio, após a troca de equipamentos defeituosos determinada pela comissão que investigou as causas do apagão. Até lá, Chipp calcula que, se mantido o ritmo atual de consumo, o custo da geração termoelétrica chegará a R$ 80 milhões. Ele defende, porém, o gasto, alegando que tem como objetivo garantir a segurança do sistema.

"Esse é um custo que vale a pena pagar, porque não dá para precificar o custo de um blecaute", disse o executivo. Ele ressaltou um apagão não provoca apenas prejuízos materiais por parada de produção ou perda de estoques, mas também um "custo social" enorme.

OESP, 04/02/2010, Economia, p. B4

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