OESP, Vida, p. A18
16 de Mar de 2007
Degelo nos pólos já elevou nível do mar em 3,5 cm
Efeito foi causado por apenas uma década de derretimento de glaciares da Antártida e da Groenlândia, segundo análise de cientistas britânicos
Cristina Amorim
Apenas o derretimento de glaciares da Antártida e da Groenlândia adicionou 3,5 centímetros ao nível dos oceanos em somente uma década. O dado vem de uma análise feita por cientistas britânicos, com base em 15 anos de registros, e publicada hoje no site da revista Science.
Este é um dos três trabalhos científicos que o periódico traz em sua última edição sobre como a gelada dinâmica dos pólos tem sido afetada pelo efeito estufa. Eles fornecem novas informações para clarear este que é um dos pontos mais nebulosos das previsões, feitas por cientistas, para o mundo superaquecido no futuro.
Segundo Andrew Shepherd, da Universidade de Edimburgo, e Duncan Wingham, da University College London, a Antártida e a Groenlândia perdem 125 bilhões de toneladas de gelo por ano, o que representa cerca de 12% da elevação dos oceanos.
Os dois deixam clara sua preocupação desde o início do artigo na Science. O derretimento se intensificou nos últimos dez anos. Em ambos os casos, os gatilhos do processo - o aquecimento da superfície gelada, no caso da Antártida, e do oceano ao redor, no da Groenlândia - foram pressionados e só tendem a piorar com o agravamento das mudanças climáticas.
Como prova, os dois apresentam o caso de quatro grandes glaciares antárticos cujo degelo foi detectado mediante observações por satélite e que constituem uma ameaça para os níveis marítimos. Esses glaciares, localizados no leste e no oeste da Antártida, têm perdido massa em uníssono e provêm de bacias submarinas que fluem nos oceanos e são vulneráveis às mudanças de temperatura. É um processo, dizem, que em breve será mais significativo do que o ganho de massa gelada, o que desequilibra o sistema que mantém boa parte da água retida nos dois pólos.
De acordo com Chris Rapley, do Serviço Antártico Britânico (BAS, na sigla em inglês), o trabalho reforça estimativas obtidas em anos anteriores que permaneciam sob o escrutínio dos climatologistas. Ao mesmo tempo que havia sido observado o derretimento acelerado em glaciares e em plataformas da Antártida, como a Larsen B, em outros pontos do continente a massa de gelo permanecia constante.
'A resposta futura da Groenlândia e da Baía de Amundsen, na Antártida Ocidental, são os fatores com menos certeza dentro da estimativa para o aumento do nível dos oceanos', afirma.
Outro estudo que sai na Science indica que o degelo no Ártico acelerou nas últimas décadas e pode causar uma sucessão de mudanças nas regiões temperadas do planeta.
OESP, 16/03/2007, Vida, p. A18
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