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Defesa veta uso de pista clandestina pela Funasa

OESP, Nacional, p. A9
25 de Mar de 2008

Defesa veta uso de pista clandestina pela Funasa
Entidade queria aval para apressar atendimento em reserva no Vale do Javari, no Amazonas

Michele Portela

O Ministério da Defesa negou um pedido da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) para a legalização do uso de cinco pistas de pouso clandestinas que poderiam apressar o atendimento de saúde em comunidades indígenas no Vale do Javari, na região oeste do Estado do Amazonas. Há casos de hepatite, malária, meningite e tuberculose. O transporte à região por via fluvial leva até 15 dias.

Com a negativa, será montado um plano alternativo, que também contará com a participação das Forças Armadas, que ajudarão no atendimento médico e apoio logístico.

O coordenador-substituto da Funasa no Amazonas, Narciso Cardoso Barbosa, informou que as negociações sobre o uso das pistas de pouso continuam, mas não neste momento. "O Ministério da Defesa vê essa questão com muita cautela, por se tratar de uma área de fronteira e tráfico de drogas", explicou Barbosa. "Também precisamos ouvir o Ministério da Justiça nessa questão."

As pistas seriam usadas na operação que a Funasa está promovendo na região com o objetivo de socorrer pacientes em estado grave, além de promover ações de imunização. O pedido encaminhado pela entidade ao Ministério da Defesa alegava que o transporte aéreo facilitaria na remoção de pacientes e nos demais trabalhos.

APOIO

Como alternativa, o Ministério da Defesa garantiu aumento do transporte aéreo na região, mas em pistas de pouso regularizadas. Pacientes serão transportados para o navio de assistência hospitalar (NAsH) Osvaldo Cruz, que ficará no Rio Ipuí. "A localização é estratégica, por ser um ponto de convergência", garante Narciso.

A operação conta com apoio de lanchas e militares do Exército. As prefeituras dos municípios vizinhos, como Atalaia do Norte, também estão mobilizando os seus sistemas de saúde para apoiar o atendimento à população indígena.

Segunda maior reserva indígena do País, o Vale do Javari abriga uma população de 3,7 mil habitantes em 8,5 milhões de hectares. Na área, há 48 aldeias das etnias marubo, matis, mayoruna, kulina, kanamari e korubo. A Fundação Nacional de Saúde informou que também há índios isolados.

De acordo com as informações fornecidas pela Funasa no Amazonas, desde dezembro de 2007 morreram sete indígenas - sendo cinco crianças -, vítimas de malária. No ano passado, foram registradas 39 mortes provocadas por malária, tuberculose, meningite e hepatite tipo B e D (delta).

Números

3,7 mil índios moram no Vale do Javari (AM)

8,5 milhões de hectares é a área total da reserva indígena, de acordo com a Funasa

48 aldeias de 6 etnias estão presentes ali

39 mortes de índios foram registradas em 2007 por causa de doenças

OESP, 25/03/2008, Nacional, p. A9

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