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De que lado você está?

Voz Ambiental, n. 3, mar-mai, p. 29
31 de Mai de 2007

De que lado você está?
Como fica a participação dos atores sociais na solução dos problemas socioambientais

Enrique Svirsky

No final da década de 1980 e início dos anos 1990, a participação da sociedade civil brasileira, em questões relacionadas à sociedade e ao meio ambiente, começou a ser mais expressiva e estimular o processo de formulação e a aprovação dos direitos sociais coletivos, como a Constituição Federal de 1988. A formação do Fórum Brasileiro de Ongs, os Movimentos Sociais preparatórios para a Rio 92, em 1990, e a própria Conferência das Nações Unidas, em 1992, contam este momento.

A realização de trabalhos com as comunidades locais, assim como a articulação com o todo, é fundamental. As Ongs precisam estar cada vez mais preparadas internamente, pois a pressão externa é muito grande. É necessário agregar profissionais e sair atrás de parcerias com Universidades, Associações e pessoas de boa vontade.

A participação da sociedade civil em fóruns e colegiados, como os Comitês de Bacia e outros, é muito importante, pois muitas vezes a visão do governo pode ser diferente da visão das instituições do terceiro setor, mas estes são espaços legítimos de negociação. A articulação, as parcerias e a constante atualização, através das redes, por exemplo, são mecanismos excelentes para resultados mais efetivos.

Ações globais, como a participação em eventos e conferências como a COP e a MOP e ações de políticas públicas, ligadas a pressões e articulações com governos, são práticas das Ongs mais engajadas.

No Instituto Sócio Ambiental procuramos realizar também ações regionais, em campanhas e ações para a comunidade, a fim de conhecermos as pessoas, entendermos as demandas e buscarmos solução para os problemas. É preciso buscar parceiros para encontrarmos alternativas e respostas. A atuação em consórcios e conselhos é fundamental. Precisamos trabalhar em conjunto com todas as esferas - governo, empresas, instituições internacionais, além das comunidades locais para reconhecermos a situação específica local e tentarmos melhorá-la.

A questão é, de que lado você está?

O Terceiro Setor está do lado dos direitos coletivos, dos povos, do meio ambiente, etc. Falamos muito sobre democracia, portanto, é muito importante trazer essa democracia para dentro das instituições também. É necessário que as questões sejam discutidas em grupos. É preciso exigir, pressionar e cobrar atitudes, mas a democratização não deve ser apenas para fora, ela precisa estar implantada antes dentro das organizações.

Enrique Svirsky é sociólogo, esteve à frente do proaong e trabalha atualmente no Instituto Sócioambiental.

Voz Ambiental, n. 3, mar-mai, p. 29

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