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Davi Yanomami faz apelo ao ministro da Justiça

CCPY-Boletim Yanomami-Roraima-RR
05 de Mai de 2005

O presidente da Hutukara - Associação Yanomami, Davi Kopenawa, cobrou do Ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, mais empenho do governo na demarcação das terras indígenas. "A terra é fundamental para todos nós", afirmou Davi, durante a audiência, dia 28 de abril, com mais outros 29 líderes que participaram das mobilizações do Abril Indígena, em Brasília. Além da demarcação, Davi reivindicou também a retirada dos invasores das terras indígenas, a maioria posseiros e fazendeiros. Explicou ao ministro que a mobilização dos índios não buscava o conflito com o governo, mas a abertura do diálogo visando a solução dos problemas que afligem as comunidades de todo o País.

Na conversa com o ministro, Davi reiterou os sucessivos apelos que os povos indígenas vêem fazendo para que o governo se defina como aliado e ajude os índios na superação de suas dificuldades. Embora o governo tenha homologado a demarcação da Terra Indígena Raposa/Serra do Sol, para Davi, é preciso que as outras áreas também recebam o mesmo tratamento. Na avaliação do representante dos Yanomami, a mobilização indígena Terra Livre teve um saldo positivo. "Foi bom para chamar a atenção dos brancos, para os nossos problemas. Ficar na aldeia sentado não resolve", disse ele.

Davi relatou que os garimpeiros continuam invadindo a Terra Indígena Yanomami. A maioria deles ingressa pelas regiões de Ericó, Mucajaí, Paapiu, Alto e Baixo Catrimani e Maturacá. Explicou que "a Polícia Federal retira os invasores, mas passado um mês ou um pouco mais, eles retornam à Terra Yanomami".

O resultado, afirmou ele, é o aumento das doenças e a falta de alimentos para as aldeias.

Governo assume compromisso de criar Conselho Nacional de Política Indigenista

O ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos, prometeu apresentar ainda em maio uma proposta para a criação do Conselho Nacional de Política Indigenista, uma das principais reivindicações dos mais de 700 líderes indígenas, representantes de 89 etnias, que, de 25 a 29 de abril, participaram da mobilização Terra Livre, uma das ações do Abril Indígena. A criação do conselho teve ainda o apoio dos ministros José Dirceu da Casa Civil, e Luiz Dulci da Secretaria Geral da Presidência da República.

Tanto o Ministro José Dirceu quanto o Senador Delcídio Amaral (PT-MS), líder da bancada de apoio ao governo, assumiram o compromisso de orientar a base aliada para conter as iniciativas que representam retrocesso nos direitos e conquistas indígenas na Constituição.

A mobilização Terra Livre foi organizada pelo Fórum de Defesa dos Direitos Indígenas, composto pela Comissão Pró-Yanomami (CCPY), Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Conselho Indígena de Roraima (CIR), Associação Brasileira de Antropologia (ABA), Instituto Socioambiental (ISA), Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Centro de Trabalho Indigenista (CTI) e Articulação dos Povos Indígenas do Nordeste, Minas Gerais e Espírito Santo (Apoinme).

O movimento Abril Indígena, por sua vez, contou com o apoio da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC). Os Yanomami foram representados pelos presidentes da Hutukara-Associação Yanomami, Davi Kopenawa, e da Associação Yanomami do Rio Cauaburis e Afluentes (Ayrca), Armindo Góes Melo.

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