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Curso indígena pára por falta de verba

Folha de Boa Vista-Boa Vista-RR
Autor: SÍLVIO SOUZA
08 de Nov de 2003

Desde o início do mês, os 60 professores indígenas que estavam participando do curso de Licenciatura Intercultural, ministrado na Universidade Federal de Roraima há quatro meses, tiveram que cancelar todas as atividades pedagógicas programadas para os próximos meses, devido à falta de recursos para executá-los.
Os recursos na ordem de R$ 112 mil deveriam ser repassados ao Núcleo Insikiran de Formação Superior Indígena pelo Governo do Estado, através da Secretaria de Educação, por meio de convenio firmado em agosto com as instituições que apóiam o projeto, como a UFRR e Apirr (Associação dos Povos Indígenas do Estado de Roraima).

Além de financiar essas atividades, o dinheiro também seria empregado no pagamento dos instrutores que estão com salários atrasados desde setembro. As atividades programadas para esse mês consistem na pesquisa de campo em que os professores iriam visitar as comunidades indígenas para fazer o levantamento e o acompanhamento pedagógico, colhendo informações para subsidiar os trabalhos de conclusão de semestre.

Mesmo sem o repasse desse dinheiro, previsto segundo o cronograma de pagamento, as aulas vinham acontecendo normalmente mantidas com recursos da UFRR, da Apirr e de algumas associações indígenas, como afirmou o assessor da Apirr, Maxim Rebetto.

"Não podemos arcar com essas despesas que envolvem alimentação, hospedagem e todo o apoio necessário ao trabalho de campo. Nossas atividades foram programadas com antecedência, mas o governo não cumpriu a sua parte no acordo", criticou.
Ele lamentou que, além de afetar todo o cronograma de atividades do grupo, já que as comunidades estariam aguardando os professores, inclusive promovendo mutirões para construção de alojamentos, o cancelamento poderá inviabilizar o ingresso de mais 60 professores no curso no início do próximo ano.
"A visita nas comunidades é de suma importância para podermos aprimorar nossos conhecimentos. O acompanhamento de perto irá enriquecer o projeto, onde eles irão discutir com os índios metodologias de ensino para serem empregadas na prática", afirmou.

Rebetto criticou o Governo do Estado afirmando que não cumpriu o acordo firmando no convênio, motivo pelo qual levou a entidade a acionar, através de ofício, o Ministério Público Federal que cobrou da Secretaria de Educação explicações sobre o motivo do atraso na liberação da verba.

"Encaminhamos também notificação ao Ministério da Educação e à Funai para que pressionasse o governo estadual para solucionar o mais rápido possível o problema, considerando a importância social do projeto", frisou, completando que há uma carência de professores capacitados para atuar nessas áreas.
Maxim Rebetto ainda disse que até agora o posicionamento da Secretaria de Educação é que o processo vem sendo agilizado e que o dinheiro será liberado o mais breve possível, assegurando que o atraso se deve a "problemas burocráticos".
De acordo com o calendário, inicialmente os professores iriam até a comunidade da Boca da Mata, depois iriam passar um período na comunidade do Truaru, finalizando a agenda na Taba Lascada.

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