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CRP14 leva questão indígena para o CONPSI 2013

Conselho Regional de Psicologia (MS) - http://www.crpms.org.br
13 de Mai de 2013

Psicologia, Povos Indígenas e Direitos Humanos em Mato Grosso do Sul, foi o tema de uma Mesa Redonda apresentada na oitava edição do Congresso Norte-Nordeste de Psicologia (CONPSI) , que reuniu cerca de 5 mil pessoas, nos dias 8 a 11 de maio de 2013.

O presidente do CRP14, Carlos Afonso Marcondes Medeiros foi o proponente da mesa que apresentou alguns trabalhos relevantes sobre as questões indígenas de Mato Grosso do Sul.

Participaram da mesa, apresentando trabalhos a responsável pela Área Técnica de Saúde Mental do Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul - Secretaria Especial de Saúde Indígena - Ministério da Saúde, Fabiane de Oliveira Vick e o psicólogo de área do Pólo Base Indígena de Dourados-MS - Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul - Secretaria Especial de Saúde Indígena - Ministério da Saúde, Walter Martins Benites.

Abaixo você confere o resumo dos trabalhos apresentados. No site do CRP14 você acompanha as demais participações da psicologia de Mato Grosso do Sul no CONPSI, bem como a atuação dos outros psicólogos que representaram o CRP14 no Congresso.

PSICOLOGIA, POVOS INDÍGENAS E DIREITOS HUMANOS EM MATO GROSSO DO SUL

Co-autores:
Pedro Paulo Gastalho de Bicalho
Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Coordenador da Comissão Nacional de Direitos Humanos
Conselho Federal de Psicologia

Fabiane de Oliveira Vick
Responsável pela Área Técnica de Saúde Mental do Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul - Secretaria Especial de Saúde Indígena - Ministério da Saúde.

Walter Martins Benites
Psicólogo de área do Pólo Base Indígena de Dourados-MS - Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul - Secretaria Especial de Saúde Indígena - Ministério da Saúde.

No Estado de Mato Grosso do Sul reside a segunda maior população indígena do país. Estes convivem com graves, complexos e crescentes problemas psicossociais, conflitos de terra, violências, homicídios, suicídios, uso abusivo de álcool e outras drogas, configurando condições de difícil compreensão e solução. Contexto que tem gerado sofrimento físico, mental e social para muitos indígenas jovens, adultos e idosos que vivem nas aldeias e cidades do Estado. Indicadores da área de saúde apresentam altos índices de agravos à saúde mental dessa população. Para debater o tema o Conselho Regional de Psicologia de Mato Grosso do Sul - CRP14/MS, na pessoa do seu presidente, propõe esta mesa redonda e convida os psicólogos: Pedro Paulo que fará um relato crítico, à luz dos direitos humanos e da psicologia, sobre sua participação na expedição Marco Veron, que percorreu as aldeias do estado em 2012, a Psicóloga Fabiane, do DSEI-MS/SESAI, apresenta em debate os dados da sua pesquisa-ação em casos de suicídio de indígenas Guarani- Kaiowá e o Psicólogo Walter também do DSEI-MS/SESAI, que é indígena, relata sua experiência profissional no atendimento psicológico a população nas aldeias próximas a cidade de Dourados/MS. A partir destas apresentações espera-se que os profissionais e acadêmicos presentes possam conhecer e refletir um pouco da realidade violenta que os povos indígenas de Mato Grosso do Sul estão vivendo e como estão sobrevivendo a um processo de tanto sofrimento humano. Nesta perspectiva a Psicologia brasileira, enquanto ciência e profissão, vislumbra um vasto campo para conhecer, pesquisar e contribuir.

PSICOLOGIA, DIREITOS HUMANOS E QUESTÕES INDÍGENAS NO MS
Pedro Paulo Gastalho de Bicalho
Professor do Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Coordenador da Comissão Nacional de Direitos Humanos
Conselho Federal de Psicologia

Dados do Censo 2010 divulgados pelo IBGE apontam que os aproximadamente um milhão de indígenas estão presentes em 80,5% dos municípios brasileiros, em um total de 206 etnias. Ao longo das últimas décadas, o processo de aldeamento promovido pelos órgãos indigenistas e a expansão do agronegócio levaram cerca de 50 mil Guarani-Kaiowá a viverem em oito reservas indígenas no cone sul do MS, muitas delas com ocupação de não índios. As áreas, no entanto, são proporção ínfima das terras tradicionalmente ocupadas por este povo e não garantem a sobrevivência física e cultural da população. Mais de quinhentos anos após a colonização brasileira, esse povo continua sofrendo violências constantes e é vítima de um processo de genocídio, pois sofre atos de violência de grupos armados e de omissão do Estado para práticas de extermínio. Com o objetivo de dar visibilidade às inúmeras vulnerabilidades, o Sistema Conselhos de Psicologia esteve presente - por meio da CNDH e do CRP14/MS - à expedição Marco Veron, no ano de 2012. No que tange às questões de saúde mental, "tem um tipo de tristeza que chega ao coração do Guarani e não sai mais". Somente no ano de 2012 foram registrados 56 casos de suicídio, geralmente por enforcamento, além de violações potencializadas pela ausência de políticas públicas nas aldeias e diálogos intersetoriais. O que organiza subjetivamente os povos indígenas é a sua relação com a terra. Território subjetivo que, aqui, se objetivam nas históricas lutas destes brasileiros que o Brasil não conhece (ou não quer conhecer). Palavras-chave: Psicologia. Indígenas. Direitos.

PESQUISA-AÇÃO EM CASOS DE SUICÍDIO DE INDÍGENAS GUARANI-KAIOWÁ EM MATO GROSSO DO SUL

Fabiane de Oliveira Vick
Responsável pela Área Técnica de Saúde Mental do Distrito Sanitário Especial Indígena de Mato Grosso do Sul - Secretaria Especial de Saúde Indígena - Ministério da Saúde.

O suicídio entre os indígenas Guarani-Kaiowá localizados em Mato Grosso do Sul, Brasil, apresenta elevadas taxas se comparadas aos maiores índices já registrados nacional e internacionalmente. Compreender tal fenômeno vem sendo um grande desafio aos profissionais envolvidos com essa questão. Dessa forma, esta pesquisa objetivou identificar os aspectos psicossocioculturais relacionados com o suicídio a partir de um estudo de uma família indígena de MS com alta prevalência de suicídio (7 casos). Foi realizado um levantamento sociodemográfico, para conhecer as condições socioeconômicas em que esta se insere. Posteriormente, foram realizadas 7 entrevistas de autópsia psicológica com familiares próximos do suicida, para investigar quais as intenções, os determinantes e o contexto psicológico da vítima que se suicidou, bem como, para proporcionar a estes familiares, momentos de escuta ativa e suporte psicológico. Os participantes deste estudo pertencem à etnia Guarani-Kaiowá da Aldeia Bororó no município de Dourados, MS. A análise dos dados e relatos demonstraram que as causas para o fenômeno do suicídio indígena são multifatoriais. Quanto às questões de ordem psicológicas observou-se a fragilidade emocional, tristeza profunda, decepções amorosas, conflitos familiares, baixa autoestima, frustrações, entre outros. Referentes aos aspectos socioeconômicos foram evidenciadas precárias condições de sobrevivência que afetam a perspectiva e qualidade de vida dessa população. Por fim foi identificada, a existência de aspectos culturais como a crença de feitiço realizado contra a vítima, tornando-a vulnerável. Dessa forma, infere-se que os aspectos psicológicos, sociais e culturais se inter-relacionam e se complementam para a efetivação do ato suicida. Palavras-chave: Suicídio. Guarani-Kaiowá. Psicologia.

http://www.crpms.org.br/noticias.php?id=6214

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