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Cristina, "a voz dos extrativistas"

Agência Amazônia - www.agenciaamazonia.com.br
Autor: LEANDRO CHAVES
12 de Mai de 2009

São as Reservas Extrativistas. Muitos nem fazem idéia quem é a pessoa responsável, de um tempo pra cá, pela melhoria da qualidade de vida dentro desses territórios. E se soubessem agradeceriam, pois ela cria e escreve os projetos que o Conselho Nacional dos Seringueiros (CNS) promove para os moradores de todas as reservas do País.

Seu nome é Cristina da Silva, pessoa de forte ligação com os movimentos sociais na Amazônia, e que atualmente desenvolve trabalhos junto aos povos extrativistas das reservas. Está no CNS desde 2000, onde ocupa o cargo de assessora técnica. Mora e trabalha no Pará, mas é acreana. Ela está no Acre a trabalho e visitou a Biblioteca da Floresta na tarde do dia 4 de maio, ocasião em que concedeu uma entrevista para falar um pouco sobre o Conselho, as Reservas Extrativistas e projetos atuais.

O CNS hoje

Segundo a assessora, o Conselho Nacional dos Seringueiros está passando por uma ótima fase, com lideranças fortes trabalhando em muitos estados onde o órgão está presente. Ela falou com mais propriedade sobre a situação no Pará, onde existem muitos movimentos e frequentemente ocorrem visitas às reservas. "Hoje o conselho não é só Acre, é Amazônia e somos ouvidos pelo governo", afirmou.

Cristina disse que muitas reservas estão passando por um importante processo de auto-sustentação e o conselho colaborou para essa realidade. Ao ser questionada sobre o problema referente ao desmatamento e às 10 mil cabeças de gado dentro da Reserva Chico Mendes no Acre, ela explica que parte da culpa nesse processo é da falta de investimentos do Governo e também o descaso do CNS do Acre "que não tem mais aquela coisa viva. Falta paixão dos acreanos para mudar o CNS por aqui".

Durante a visita, a assessora fez questão de mostrar a atual missão do conselho, que é lutar pela terra e sua produção, pela organização comunitária, pela preservação da natureza e pela implementação de políticas públicas para as Reservas Extrativistas.

Novos projetos

O Conselho Nacional dos Seringueiros atualmente está com um projeto visando as mulheres extrativistas. O trabalho foi idealizado por Cristina e consiste em capacitá-las em políticas públicas, ensinando o processo de produção e comercialização de produtos para melhorar a renda das moradoras das reservas.

Para isso, em breve, acontecerão três feiras estaduais em Rio Branco, Manaus e Belém. "As mulheres são uma parte essencial nas Reservas Extrativistas. Elas têm um papel fundamental na floresta", justifica.

Outra realização do CNS, também idéia da assessora, é comemorar no dia 22 de dezembro - aniversário de morte de Chico Mendes - o dia do extrativismo. "Se as outras profissões têm o seu dia, por que não o extrativismo?".

Outra importante realização, ainda a ser votada em um plenário em Brasília, é a mudança do nome do órgão para Conselho Nacional das Populações Extrativistas. Será mantida a logomarca (uma poronga) e a sigla CNS por causa da representação histórica.

O motivo da mudança do nome, de acordo com Cristina, se refere ao fato que não existem apenas seringueiros vivendo dentro das reservas. Há também os açaizeiros, quebradores de cocos, entre outros. E como o CNS cuida diretamente das reservas e de seus moradores, precisa representar outros tipos de trabalhadores que não sejam apenas os que extraem o látex.

Recém-inaugurada, a página na internet do Conselho Nacional dos Seringueiros é uma ótima ferramenta para quem quer saber mais sobre o órgão. No sítio você encontra informações sobre a história do CNS, os projetos que ele vem desenvolvendo, notícias, entre outros assuntos. Cristina afirma que através do site, a entidade visa legitimar o extrativismo na Amazônia e no resto do País.

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