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"Crise nos pegou de calça curta", diz Lula

CB, Política, p. 2
23 de Nov de 2006

"Crise nos pegou de calça curta", diz Lula
Na terra de Blairo Maggi, presidente faz discurso em defesa do agronegócio, afirma que não teve culpa pelos problemas do setor e joga responsabilidade para administração dos tucanos

Da redação

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a atacar a oposição. Menos de três dias depois de propor uma conciliação ao PSDB, ele disse ontem em discurso a agricultores do Mato Grosso que, ao assumir o poder, em 2003, o país estava em situação delicada. "O Brasil não conseguia exportar o que produzia e tinha pouca reserva em dólar para garantir a exportação e a importação", disse o presidente no município de Sapezal, a 480 quilômetros de Cuiabá.

Lula inaugurou um trecho de catorze quilômetros da BR-364, que liga Sapezal à cidade de Comodoro. A estrada já estava aberta ao público desde agosto. A inauguração foi um pretexto para Lula retribuir o apoio dado pelo governador reeleito de Mato Grosso, Blairo Maggi, no segundo turno da eleição. O presidente passou a noite de segunda-feira numa das fazendas de Maggi no município.

Na cerimônia, Lula repetiu o slogan de sua campanha ao mencionar a oposição. "Quero dizer para nossos adversários: deixem o homem trabalhar,porque a coisa vai acontecer neste país", disse. Apesar das críticas a oposição, Lula admitiu que a crise do setor agrícola nos últimos anos pegou o governo desprevenido. "Nós temos que aproveitar, no momento em que a agricultura se recupera, para que a gente possa estabelecer todas as políticas agrícolas necessárias para que numa próxima crise a gente não seja pego de calça curta como nós fomos pegos nessa crise agora, quando muita gente deixou de produzir, quando a indústria de máquinas deixou de vender e muitos trabalhadores foram mandados embora", afirmou o presidente durante a inauguração da BR-364.

No discurso, o presidente afirmou que não teve culpa pela crise na agricultura, que foi resultado principalmente da desvalorização do dólar e da seca na Região Sul. "Houve um tempo em que tentaram dizer que o presidente Lula não gostava da agricultura, que não gostava de agricultor, que a agricultura estava em crise por conta do presidente da República."

O presidente disse também ter consciência da importância do setor para o desenvolvimento do país e da necessidade de garantir uma política de seguro agrícola para que o produtor tenha perdas minimizadas em caso de problemas climáticos ou doenças na lavoura. Afirmou, ainda, ter "aprendido a lição" e prometeu construir estradas para o escoamento da safra.

Amazônia
A safra de grãos 2006/2007 está sendo plantada e, há pelo menos quatro meses, representantes do agronegócio discutem formas de ampliar as áreas de soja na Amazônia. Cercada de interesses, a discussão emperra na falta de dados confiáveis. O Ministério da Agricultura afirma que a soja plantada na Amazônia Legal-Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, além de parte dos estados de Mato Grosso,Tocantins e Maranhão - representa menos de 1,5% do total produzido no Brasil. Ecologistas denunciam, no entanto, uma expansão desenfreada da atividade.

Lula preferiu não comentar as críticas de ambientalistas. Disse apenas que "é preciso respeitar o meio ambiente" e "preservar o estado" de Mato Grosso. Na safra passada, o Brasil colheu 53,4milhões de toneladas do grão. No período 2006/2007, de acordo com previsão da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a produção deverá alcançar 55,2 milhões de toneladas.

Na segunda etapa da viagem, a inauguração da unidade de biodiesel da usina Barralcool, em Barra do Bugres (MT), Lula evitou responder a uma questão sobre a possibilidade de chamar o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso para um diálogo institucional. "Eu não vou nominar com quem eu vou conversar", disse. "Começo, na próxima semana, uma rodada de conversa com muita gente, com todo mundo", disse.

CB, 22/11/2006, Política, p. 2

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