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Crianças Yanomami são amarradas e ameaçadas por garimpeiros

Observatório do 3o Setor - https://observatorio3setor.org.br/noticias
21 de Set de 2023

Crianças Yanomami são amarradas e ameaçadas por garimpeiros

Maria Fernanda Garcia
21/09/2023

Vídeos mostram crianças Yanomami sendo amarradas e ameaçadas por garimpeiros em um local da região conhecida como Hakoma; na gravação é possível ouvir um homem falando em "buscar os cartuchos da espingarda". De acordo com a entidade, as crianças estariam sendo acusadas de furto de celulares, o que não teria ocorrido.
Crianças Yanomami amarradas e ameaçadas por garimpeiros/ Imagem: Youtube

O Ministério dos Povos Indígenas classificou como "inadmissíveis" as denúncias feitas pela Hutukara Associação Yanomami, na última quarta-feira (20/09). Vídeos obtidos pela organização mostram crianças Yanomami sendo amarradas e ameaçadas por garimpeiros em um local da região conhecida como Hakoma.

O ministério disse ainda que articula com outros órgãos com o objetivo de garantir "providências urgentes para averiguação, denúncia e punição dos responsáveis por este caso". Um vídeo (clique aqui para assistir) mostra as crianças indígenas sendo ameaçadas e amarradas.

"Recebemos essa denúncia muito grave. Uma violação de Direitos Humanos de crianças em garimpo ilegal. É uma situação muito vulnerável. Não é de hoje que isso está acontecendo", disse o autor da denúncia, Dário Kopenawa, vice-presidente da associação Hatukara.

A associação Hatukara relata ter recebido informações sobre a presença de garimpeiros na região no dia 19 de setembro. As gravações das ameaças foram enviadas do Papui, local onde há acesso à internet. Pelo isolamento da área onde o caso ocorreu, a associação afirma não ser capaz de precisar a data e o desfecho da ocorrência.

"A gravidade do incidente exige uma resposta rápida por parte das forças de segurança", diz a associação Hatukara em documento enviado ao Ministério Público Federal, Funai, Polícia Federal, Ibama, Exército e Ministério dos Povos Indígenas.

Na gravação, é possível ouvir um homem falando em "buscar os cartuchos da espingarda". De acordo com a entidade, as crianças estariam sendo acusadas de furto de celulares, o que não teria ocorrido.

"Os dois vídeos tratam da mesma situação. Eles registram um momento em que garimpeiros acusam crianças Yanomami de terem furtado celulares, e na tentativa de recuperar os objetos, amarram e ameaçam as crianças, que supostamente teriam pego os telefones. Um garimpeiro também tenta intimidar as vítimas, solicitando aos demais garimpeiros que "tragam os mokaua", ou seja, que sejam trazidas armas para o barracão onde as crianças estão cativas", diz ainda a denúncia da associação.

No início de agosto, o líder e xamã do povo yanomami, Davi Kopenawa, fez críticas ao atual governo, afirmando que o presidente Lula "muito devagar" com as ações na área da saúde e também na retirada dos invasores pelas forças de segurança nas comunidades distribuídas pelo estado de Roraima". Davi Kopenawa é pai do vice-presidente Associação Hatukara, responsável pela denúncia.

A Terra Indígena Yanomami (TIY), também é um dos territórios mais afetados pelo garimpo ilegal. Nos últimos 10 anos, a exploração garimpeira tem se expandido e deixado impacto significativo na Amazônia, onde vivem os povos Yanomami, Ye'Kwana e outros grupos indígenas em isolamento, como os Moxihatëtëa.

A atividade garimpeira cresceu de 31 hectares em 1985 para 206 mil hectares em 2021, segundo análise do Instituto SocioAmbiental (ISA), em texto publicado no estudo 'Conflitos no Campo Brasil 2021'. Cerca de 90% do garimpo ocorre na região amazônica, afetando Unidades de Conservação ou Terras Indígenas.

Além do garimpo ilegal, a região norte do país tem registrado mortes em decorrência de conflitos no campo. De acordo com o Centro de Documentação CPT - Dom Tomás Balduino, foram registradas 9 mortes em 2020 e 109 mortes em 2021, o que significa um aumento de 1.110%. Das 109 mortes em 2021, 101 eram indígenas Yanomami do estado de Roraima.

Fonte: O Globo

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