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Crianças índias de Barra estão na UTI

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
Autor: MARIA ANGÉLICA OLIVEIRA E FRANCIS AMORIM
12 de Mai de 2005

Ao todo oito delas foram levadas para o Hospital Materno-Infantil de Goiânia com pneumonia e bronquite

Duas crianças xavantes da aldeia Namukurá, em Barra do Garças (516 km de Cuiabá), tiveram alta ontem do Hospital Materno-Infantil de Goiânia (GO), onde estavam internadas desde a segunda-feira com pneumonia e bronquite. Outras seis crianças ainda continuam sob cuidados médicos, três delas em Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs).

Ontem, em entrevista pelo telefone, o diretor técnico do hospital, Saulo Rodrigues, se mostrou assustado com o aumento no número de índios com quadros graves que procuram atendimento no hospital. Em 2004, o Materno-Infantil atendeu 133 índios. Este ano, foram 101. "A maioria vem de Barra do Garças, porque ali é um ponto de referência dos índios da região do Vale do Araguaia", disse. "Esses índios teriam que ser assistidos com medicina preventiva, alimentação", completou o médico.

De acordo com ele, o hospital não foi comunicado da transferência dos índios nem pela Funai nem pela Funasa. "Ao invés de trazer oito índios para um hospital lotado, eles têm que ligar na Secretaria Municipal de Saúde e reservar vagas nas UTIs".

As oito crianças (com até um ano e meio de idade) chegaram na segunda-feira. "Veio uma Kombi cheia de índios, adultos e oito indiozinhos. Ficou índio no corredor, sentado em banco (...) Tinha três bem graves. Um deles chegou, foi entubado logo e colocado no respirador", contou. O professor Gaspar Waradzere Tsiwari, pai de um dos bebês internados, foi pego de surpresa. "Eu estava em um hotel de Barra do Garças, onde fazia um curso de gestão escolar. Ligaram lá e disseram que meu filho estava mal e tinha ido para Goiânia", contou.

Assim como ele, outros índios, pais de crianças internadas, estão alojadas na Casa de Saúde Indígena (Casai) de Goiânia. "É muito precária a assistência à saúde. Falta medicamento, falta alimentação". A aldeia, onde moram 315 xavantes, fica 180 quilômetros distante da cidade. Segundo Gaspar, um enfermeiro visita a comunidade todos os meses e fica lá por 15 dias. Esse profissional faz a triagem dos casos que devem ser encaminhados para Barra do Garças.

Os índios foram para Goiânia por recomendação dos médicos do Hospital Regional de Barra do Garças. Elas receberam atendimento médico, mas como os casos eram graves e o atendimento na cidade é apenas de média complexidade, foram removidas com urgência para a capital de Goiás.

O Distrito Sanitário Especial Indígena Xavante (DSEI), da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e a Fundação Nacional do Índio (Funai), em Barra do Garças, transferiram a responsabilidade de informações sobre os casos ao Distrito de Brasília (DF).

A reportagem do Diário em Barra do Garças tentou falar com o médico Alexandre Padilha, diretor de Saúde Indígena da Funasa em Brasília e responsável por informações sobre casos de doenças envolvendo os índios xavantes, mas não conseguiu.

Porém em entrevista à imprensa de Goiás, Padilha já tinha informado que a transferência de indígenas para o Estado de Goiás é garantida com recursos do Ministério da Saúde. Os recursos são de R$ 9,2 mil para a Santa Casa de Misericórdia e o Hospital Materno-Infantil.

A reportagem entrou em contato com a Fundação Nacional de Saúde (Funasa) mas foi informada de que o coordenador, José Ferreira Lemos Neto, está viajando para a região de Barra do Garças.

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