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Criança baleada presta depoimento na Polícia Federal

CIR-Boa Vista-RR
04 de Jun de 2003

Depois de quase um mês, ainda em fase de recuperação dos ferimentos e do trauma psicológico, o macuxi E. S. de apenas 12 anos - baleado por dois homens encapuzados, na terra indígena Aningal - foi ouvido pela Polícia Federal. O medo e a tristeza estão estampados no rosto da criança que tem dificuldades para explicar o atentado. "Eu não fiz nada", desabafa.

A tentativa de homicídio aconteceu na tarde de 7 de maio, quando ele retornava de uma caçada junto com o companheiro, J.M.S, também de 12 anos. Os dois informaram que foram pegos de surpresa ao ouvir dos criminosos "hoje é última vez que vocês passam por aqui, pois vamos matar vocês". Em seguida, os disparos. A bala atingiu o braço direito, atravessou o peito e saiu nas costas de E.S.

Na noite do mesmo dia, a vítima foi conduzida, em estado grave, para o pronto Socorro Francisco Elesbão, em Boa Vista. Ela foi operada e está em tratamento na Casa de Saúde Indígena. Segundo o pai, o macuxi Armando Manoel de Sousa, o menino anda muito calado. "Meu filho não é assim, é um menino alegre e agora, não quer nem conversar direito com as pessoas", afirma.

Até hoje, 4/6, a Polícia Federal não fez uma diligência à comunidade para apurar o crime. Apesar de ouvir algumas testemunhas, em Boa Vista, não tem pista dos criminosos. Após ser ouvido pelo delegado da PF, Thiago Giavarotti, o menino foi conduzido ao Instituto Médico Legal para exame de corpo delito.

O Conselho Indígena de Roraima encaminhou denúncia da tentativa de homicídio da criança macuxi à Secretaria Nacional de Direitos Humanos. Segundo informações de sua assessoria, o Ministro Nilmário Miranda vai fazer uma representação oficial, cobrando providência da Polícia Federal no esclarecimento desse crime e, também, sobre a execução de Aldo da Silva Morto, morto na primeira semana de janeiro de 2003, com um tiro peito, enquanto estava com os braços levantados.

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