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Cresce a presença de índígenas nas universidades em Mato Grosso do Sul

Aquidauana News- http://www.aquidauananews.com/
19 de Abr de 2014

A presença de indígenas no Ensino Superior tem crescido consideravelmente nos últimos anos. Mato Grosso do Sul possui a segunda maior população indígena do Brasil, aproximadamente 73 mil pessoas de sete etnias diferentes - e tem a maior quantidade de indígenas com formação superior no país. Atualmente são cerca de 800 acadêmicos matriculados em cursos regulares e licenciaturas interculturais. Iniciativas de apoio ao acesso e à permanência de indígenas nas universidades têm sido essenciais neste contexto.

Um dos principais projetos desenvolvidos em Mato Grosso do Sul é o Rede de Saberes, uma parceria entre quatro universidades: a Universidade Católica Dom Bosco (UCDB) por meio do Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas (NEPPI), a Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade Federal da Grande Dourados (UFGD). Viabilizado com recursos da Fundação Ford, o projeto oferece monitorias, incentivo à pesquisa e iniciação científica, laboratório de informática, suporte à participação e organização de eventos, entre outras atividades.

Com o aumento da presença dos indígenas na graduação, Mato Grosso do Sul vive agora um novo desafio: ampliar a participação de indígenas na pós-graduação. "O acesso à pós ainda é pequeno em números. No entanto, a quantidade cresce e os cursos de pós parecem mais preparados do que as graduações para receber pesquisadores indígenas. Nos programas de mestrado e doutorado em geral, a diferença é valorizada e o indígena é visto como alguém que pode contribuir muito com as discussões", relata Antônio Carlos Seizer, indígena Terena e aluno do Doutorado em Educação na UCDB.

Antônio Seizer, Terena da Aldeia Ipegue, que fica no município de Aquidauana, é graduado em matemática e pedagogia pela UFMS e mestre em Educação pela Católica. Ele é professor na UCDB, onde dá aulas para todos os cursos de licenciatura, e no Centro Estadual de Formação de Professores Indígenas de Mato Grosso do Sul. No estado há dezenas de outros mestres e doutores indígenas atuando nas escolas das comunidades e em licenciaturas interculturais.

Atualmente, na Universidade Católica, há quatro indígenas participando do Mestrado em Educação e mais dois participando do Mestrado em Desenvolvimento Local. Nove indígenas, entre Terenas e Kaiowás, já concluíram o mestrado, sendo cinco em educação e quatro em desenvolvimento local. Uma das iniciativas que auxiliam a permanência de pesquisadores indígenas na pós-graduação é o programa Observatório da Educação Escolar Indígena, da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES/MEC/INEP). Na UCDB o programa é coordenado pela professora Adir Casaro Nascimento.

Projeto prepara indígenas e negros para pós

Com o objetivo de expandir o acesso à pós, foi criado o projeto "Equidade na pós-graduação: o acesso de populações sub-representadas". A iniciativa é executada em parceria pela UEMS e UCDB, conta com financiamento da Fundação Ford egerenciamento da Fundação Carlos Chagas, e visa preparar indígenas e negros para entrarem em programas de pós-graduação stricto sensu. O curso oferece disciplinas como português acadêmico, inglês instrumental, metodologia científica e tutoria. A primeira turma do Equidade teve início no segundo semestre de 2012. Em maio de 2014 têm início as atividades da terceira turma.

Na UCDB, o curso é coordenado pela professora Eva Maria Ferreira, por meio do Núcleo de Estudos e Pesquisas das Populações Indígenas (NEPPI). Na UEMS, a coordenação é da professora Beatriz Landa. No último ano, sete participantes do Equidade foram aprovados em programas de mestrado na UCDB, UEMS, UFGD e UFMS.

A participação de pesquisadores indígenas na pós-graduação abre espaço para a reformulação de paradigmas acadêmicos e avanços na construção de uma sociedade mais pluriétnica, multicultural e igualitária. "O que pode mudar na universidade com o aumento de indígenas nos programas de pós-graduação é a importância que se dá ao olhar para o outro. O modelo de educação do não-índio ressalta a superioridade, a passagem de informações. Os indígenas em geral valorizam o saber do outro e o compartilhamento dos conhecimentos", relata o professor Terena Atônio Seizer.

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