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COVID-19: alastramento da doença contamina mais 4 mil quilombolas e mata 148

CONAQ - http://conaq.org.br/noticias/boletim-epidemiologico-07-de-agosto/
Autor: Ascom Conaq
07 de Ago de 2020

Os dados de alastramento da Covid-19 no Brasil já chamam atenção, são mais de 98 mil mortes e mais de 2 milhões e 900 mil infectados já registradas. A invisibilidade do alastramento da doença em territórios quilombolas revela uma situação potencialmente drástica, que não tem recebido a atenção devida das autoridades públicas e dos meios de comunicação dominantes. Dados da transmissão da doença em territórios quilombolas são sub-notificados, pois muitas secretarias municipais deixam de informar quando a transmissão da doença e morte ocorre entre pessoas quilombolas.

De acordo com monitoramento autônomo desenvolvido pela Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) junto aos territórios, em 07 de Agosto de 2020, foram diagnosticados nos estados que a CONAQ atua: 4.017 (quatro mil e dezessete) casos confirmados, 1.187 (um mil cento e oitenta e sete) casos monitorados, 148 (cento e quarenta e oito) óbitos e 03 (três) óbitos sem confirmação de diagnóstico (Bahia, Minas Gerais e Pará). A situação se agravou e os números são: 42 óbitos no Pará, 38 óbitos no Rio de Janeiro, 22 óbitos no Amapá, 12 óbitos no Maranhão, 09 óbitos em Pernambuco, 05 óbitos na Bahia, 04 óbitos no Espírito Santo, Ceará e Goiás registram 3 óbitos, cada; Piauí, Rio Grande do Norte e Mato Grosso, cada um tem 02 óbitos, enquanto Alagoas, Amazonas, Paraíba e Tocantins tem 01 óbito cada.

A desigualdade do enfrentamento ao Coronavírus que, já se mostra evidente nas periferias urbanas, terá um impacto arrasador nos quilombos, se a doença mantiver este ritmo de alastramento e letalidade. Até o momento, tem ocorrido um óbito por dia pela COVID-19 entre quilombolas. A CONAQ tem chamado atenção para fatores estruturais alarmantes sobre as consequências do alastramento da pandemia nos territórios quilombolas.

Devido à falência estrutural de sucessivos governos e dinâmicas de racismo institucional, os quilombo não contam com um sistema de saúde estruturado, ao contrário, os relatos da maior parte dos quilombos é de frágil assistência e da necessidade de peregrinação até centros de saúde melhor estruturados. As condições de acesso à água em muitos territórios é motivo de preocupação, pois também dificulta as condições de higiene necessárias para evitar a propagação do vírus. Essa situação tende a ser agravar exponencialmente com as consequências sociais e econômicas da crise da COVID 19 na vida das famílias quilombolas.

É perceptível a paralisia dos governantes que assistem ao caos nos quilombos e acabam por reforçar discursos vazios do governo federal que até o momento não fez chegar amparos emergenciais e medidas de proteção mais efetivas aos quilombos em todo Brasil.

Em matéria publicada pelo Observatório De Olho nos Rurais, há mais casos de contaminações entre quilombolas do Brasil do que entre a população cubana. "O número é 48,6% maior do que o total de casos registrados em Cuba, país que, entre os séculos 17 e 19, passou por um processo similar de formação de quilombos, conhecidos ali como palenques. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), até 29 de julho o país caribenho havia registrado 2.555 casos para uma população de 11,47 milhões de habitantes", aponta a matéria - que pode ser acessada aqui.

Há exatamente um mês o presidente excluiu a pauta quilombola da Lei Federal no 14.021/2020 ao sancionar, com vetos, o Projeto de Lei no 1.142/2020. Os 16 itens vetados correspondem a 76% das propostas apresentadas no PL. Ainda hoje se aguarda a apreciação dos vetos pelo Congresso, cuja morosidade compromete o carácter emergencial da Lei.

http://conaq.org.br/noticias/boletim-epidemiologico-07-de-agosto/

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