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Corte e exportação de mogno são proibidos por mais seis meses

Estado de S.Paulo-São Paulo-SP
Autor: Edson Luiz
08 de Ago de 2002

A decisão foi tomada depois de o governo constatar que um grupo de madeireiros estava desviando toras apreendidas no ano passado, no Pará

O governo federal decidiu estender por mais seis meses a vigência do decreto que proíbe a exploração e exportação de mogno, que vigora até a segunda quinzena deste mês. O anúncio foi feito nesta quarta-feira pelo ministro do Meio Ambiente, José Carlos Carvalho, depois de constatar que um grupo de madeireiros estava desviando toras apreendidas no ano passado, no Pará. A madeira estava sob responsabilidade de um fiel depositário.

O ministro, depois de entendimentos com a juíza de Altamira, determinou a reapreensão de cerca de 1.800 toras de mogno, no valor de R$ 15 milhões. Carvalho também afirmou que vai pedir a prisão preventiva de 11 pessoas envolvidas na exploração ilegal.

Segundo Carvalho, o governo está formando uma comissão que vai analisar a exploração de mogno no País, proibida desde o ano passado. "Vamos estudar uma forma de permitir, nos próximos seis meses, tempo de prorrogação da moratória, a exploração sustentada do mogno", disse o ministro. "O que não vamos permitir é que marginais que se intitulam empresários, continuem a fazer ações como essas".

As mais de mil toras de mogno, apesar de apreendidas, estavam dentro de uma serraria pronta para serem trabalhada. A madeira, que foi reapreendida hoje pelos fiscais do Ibama, estava estocada em um porto no rio Xingú, em Altamira, e em uma serraria próxima à cidade. As toras faziam parte de uma grande apreensão feita no ano passado, durante uma operação no noroeste do Pará, em plena floresta amazônica.

Em um mês, foram encontradas cerca de 20 mil metros cúbicos de mogno, numa das maiores operações já feitas pelo Ibama. As toras apreendidas hoje estavam sob a guarda de Wandeir dos Reis Costa, que afirmou não haver irregularidades. "As acusações são infundadas", disse.

Desde setembro do ano passado, o governo decidiu enfrentar o que chamou, na ocasião, de "máfia do mogno". A primeira operação localizou cerca de 12 mil metros cúbicos de mogno e, em uma segunda, em fevereiro, outros oito mil, numa ação que contou com 50 homens, incluindo fiscais e policiais militares do Pará. A princípio, esta foi a maior apreensão feita nos últimos anos pelo Ibama na Amazônia. Toda a madeira estava estocada na fazenda Jurilândia, às margens do rio Iriri, a 140 quilômetros de Altamira, área que é disputada por uma empresa local e o próprio governo.

Em outra região, conhecida como Terra do Meio, o Ibama localizou, no início deste ano, 10 mil metros cúbicos de mogno, cujo valor pode chegar a R$ 30 milhões, segundo técnicos do órgão. Toda a madeira apreendida nos últimos meses no Pará, é atribuída ao grupo que técnicos do governo e o próprio Ministério Público classificam como a "máfia ou reis do mogno".

O grupo, conforme levantamento do Ibama e Polícia Federal, investiu em torno de US$ 2 milhões na região da Transamazônica, tornando a extração legal um grande empreendimento. Somente na fazenda Jurilândia, foram apreendidos 28 caminhões, uma balsa, 10 carros, dois aviões, dois tratores de grande porte, usados para retirar a madeira do meio da floresta, e 21 motosserras, equipamento utilizado para derrubar pequenas árvores em torno do mogno.

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