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21 de Out de 2024
Corrida global por minerais críticos e ouro aquece procura por projetos no Brasil
No mundo, segundo dados da Dealogic, os M&As anunciados na indústria somavam US$ 48 bilhões no ano até agosto, uma alta de 8% na comparação anual, incluindo operações com reflexo no Brasil
Stella Fontes e Marcos de Moura e Souza
21/10/2024
O interesse por commodities metálicas ligadas à tecnologia e à transição energética, como lítio e cobre, deu novo impulso às buscas por depósitos minerais e projetos pelo mundo, com reflexo no aquecimento das operações de fusão e aquisição (M&As, na sigla em inglês) no setor. Além desses minerais, a procura por ouro segue em alta, e o Brasil é um dos países que estão no alvo de empresas e de governos estrangeiros por causa do potencial de suas reservas.
No mundo, segundo dados da Dealogic, os M&As anunciados na indústria somavam US$ 48 bilhões no ano até agosto, uma alta de 8% na comparação anual, incluindo operações com reflexo no Brasil - esse número poderia quase dobrar se a Anglo American não tivesse recusado a oferta de compra de US$ 43 bilhões feita pela BHP em maio.
A tendência, segundo especialistas e executivos do setor, é que esse movimento ganhe tração nos próximos anos. Os investimentos previstos também são vultosos: só no país, até 2028, segundo o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), serão aportados US$ 64,5 bilhões, sem considerar potenciais aquisições.
A gigante australiana do lítio, Pilbara Minerals, chegou ao país em agosto com a compra da também australiana Latin Resources, por US$ 370 milhões. No mês passado, a mineradora anunciou um aporte de R$ 2,2 bilhões (US$ 400 milhões) para desenvolver seu projeto em Salinas, no Vale do Jequitinhonha (MG).
"O Projeto Salinas Lithium, com seu potencial de se tornar uma das maiores operações de lítio de rocha dura do mundo, será vital para consolidar nossa posição de liderança nos mercados de baterias da América do Norte e Europa", disse à época Dale Henderson, diretor administrativo e CEO da Pilbara Minerals.
A líder no Brasil no setor é a Sigma Lithium, também com presença na região do Rio Jequitinhonha.
Na mesma semana, a G Mining Ventures comprou da BHP os direitos de explorar o projeto de ouro CentroGold, no Maranhão. Pouco antes, a australiana St. George Mining já havia anunciado a aquisição do projeto Araxá, de nióbio e terras raras, em Minas Gerais.
"Essa atividade vai continuar bastante robusta. De 2020 para cá, o número de transações se acelerou", diz o diretor-executivo da Kroll no Brasil, Alexandre Pierantoni. Entre 2013 e 2019, afirma o executivo, o número de operações de M&A na indústria global ficou em 750 por ano. A partir de 2020, essa média subiu para cerca de 1,2 mil a 1,3 mil transações anuais - em 2023, segundo dados da "Bloomberg", foram 1,5 mil negócios, que movimentaram US$ 80 bilhões.
A queda das taxas de juros no mundo deve contribuir para novos negócios, embora a volatilidade nos preços das matérias-primas não facilite a definição do valor ("valuation") dos ativos. "Há gatilhos que ajudam a demanda, como a transição energética. Mas isso tem um custo, o que faz com que o mundo não abandone a base [energética] que foi construída. Ainda há investimentos relevantes em petróleo e gás", pondera o executivo.
Os compromissos adotados pelos países para redução de emissões de gases de efeito estufa alimentaram, nos últimos anos, uma demanda crescente por carros elétricos, cujas baterias funcionam à base de lítio, cobre, terras raras e outros minerais. Tecnologias de geração de energia eólica e painéis solares são também dependentes desses minerais.
"Estamos numa fase extremamente produtiva em termos de novas pesquisas, especialmente nesses minerais relacionados à transição energética. É o caso do lítio, do níquel, do vanádio, das terras raras. Há um apetite grande no Brasil para esses minerais", diz Julio Nery, diretor de Sustentabilidade do Ibram. "Essa grande procura por pesquisa está acontecendo em muitos países", acrescenta.
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