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Correção: Dois jovens xavantes são feridos por tiros no último domingo

Radiobrás Brasília-DF
Autor: Danielle Gurgel
07 de Out de 2004

Ao contrário do que foi publicado nesta terça-feira (5) pela Agência Brasil, a decisão do Supremo Tribunal Federal em agosto permitiu que os índios Marãiwatsedé pudessem voltar a sua terra legalmente.

Leia abaixo a íntegra da reportagem com as correções:

Brasília - Dois índios da tribo xavante foram feridos por tiros, neste domingo (3), ao transitarem nas proximidades da terra indígena de Marãiwatsedé, localizada em Alto Boa Vista (MT). Homens em motocicletas dispararam contra dois jovens, de 18 e 16 anos. A terra indígena Marãiwatsede conta com 165 mil hectares. A reserva havia sido ocupada por cerca de 400 famílias de posseiros, fazendeiros de soja e madeireiras clandestinas. Os índios xavantes estavam, desde a década de 60, fora de sua terra original.

Para o padre Paulo Gabriel, membro da igreja católica em São Felix do Araguaia, "enquanto não for definido que os ocupantes saiam da área dos índios, as duas partes entrarão em sempre em conflito". O presidente substituto da Funai, Roberto Lustosa, disse que os motociclistas ainda não foram identificados, mas provavelmente eram peões daquela área. O caso já foi comunicado à Polícia Federal. "Esses índios estão em uma terra já homologada, estão em uma retomada garantida por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF)", afirmou.

Para o padre Paulo Gabriel, os fazendeiros deverão reagir. "Estou esperando o próximo capítulo. Os fazendeiros devem se juntar e fazer algo. Então, ou morre algum índio, ou morre algum ocupante". O Supremo Tribunal Federal decidiu, em 10 de agosto deste ano, que os índios tinham o direito de voltar para a terra indígena de Marãiwatsede. À época, a assessoria do STF informou que a decisão previa que a área fosse dividida entre índios e posseiros. A reserva xavante ocuparia 145 mil hectares e os posseiros terão direito de ocupar outros 20 mil.

"Querem que os índios voltem para a área e, ao mesmo tempo, que os ocupantes fiquem. Com isso, as duas partes acabam se encontrando, e os conflitos são frequentes", analisa o padre Paulo Gabriel.

O jovem de 18 anos foi atingido na perna e removido para o município de Água Boa (MT) para ser hospitalizado. O segundo ferido, um adolescente de 16 anos, teve um raspão no braço esquerdo e foi atingido na costela. O adolescente indígena não quis sair da reserva e recebeu atendimento da Fundação Nacional de Saúde

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