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Corais podem entrar em extinção em 2050

OESP, Vida, p. A30
14 de Dez de 2007

Corais podem entrar em extinção em 2050
Infiltração de CO2 nos oceanos causaria colapso até 2100

Herton Escobar

Mesmo o que está debaixo d'água não consegue escapar dos efeitos do aquecimento global. Todos os recifes de coral do planeta poderão entrar em extinção a partir de 2050, caso a concentração de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera ultrapasse a marca de 500 ppm (partes por milhão), como prevê o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC).

Segundo um estudo publicado hoje na revista Science, os oceanos absorvem, naturalmente, cerca de 25% de todo o CO2 lançado no ar por atividades humanas. Quando o gás é absorvido, ocorre uma reação química que baixa o pH da água e reduz a concentração de carbonato de cálcio (aragonita), mineral que os corais utilizam para construir seu esqueleto calcário.

Hoje, a concentração do gás na atmosfera está em 380 ppm. Se isso chegar, de fato, a 500 ppm, o pH e a concentração de aragonita dos oceanos cairão de tal maneira que será impossível para a maioria das espécies de coral sobreviver, alertam os cientistas. "Estamos falando de uma extinção em massa de corais", disse ao Estado a pesquisadora Nancy Knowlton, do Instituto Smithsonian, em Washington, que assina o trabalho com 16 outros pesquisadores, de sete países.

A água mais ácida dissolve o carbonato de cálcio, enfraquecendo o esqueleto dos corais e reduzindo a disponibilidade de matéria-prima para que eles cresçam. Em pouco tempo, dizem os pesquisadores, recifes inteiros poderão ser reduzidos a "pilhas de escombros" cobertas de algas.

O IPCC prevê que a concentração de CO2 na atmosfera poderá ultrapassar 500 ppm entre 2050 e 2100, com um aumento de pelo menos 2 oC na temperatura média da Terra. O aquecimento também traz problemas para os corais, induzindo um processo chamado "branqueamento", que pode levar o coral à morte.

Junte tudo isso a outras ameaças - como poluição e pesca predatória - e será apenas uma questão de tempo até que os recifes de coral desapareçam, alertam os pesquisadores. Só o Caribe já perdeu 80% da sua cobertura coralina nos últimos 30 anos, segundo Nancy.

Os efeitos também já são sentidos no Brasil, segundo a especialista Zelinda Leão, da Universidade Federal da Bahia. Nos recifes do arquipélago de Abrolhos (BA), há indícios de uma redução de 10% na taxa de calcificação do coral Mussismilia braziliensis, endêmico da costa brasileira. Os dados foram levantados na tese de doutorado da aluna Marilia Oliveira.

OESP, 14/12/2007, Vida, p. A30

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