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COP24 - Sociobiodiversidade e populações tradicionais são destaques em programação do Espaço Brasil

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Autor: Bruno Bianchin Martim
07 de Dez de 2018

Números indicam que a coleta de produtos encontrados no interior da floresta amazônica, como castanha, açaí e babaçu, garantem a subsistência de mais de 2 milhões de pessoas no Brasil. Apenas em áreas protegidas, estas atividades extrativistas movimentam mais de R$ 1 bilhão por ano, segundo dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

Esse foi um dos assuntos discutidos ontem (6), na COP24 (Conferência sobre Mudanças Climáticas), organizada pela ONU (Organização das Nações Unidas), em Katowice, na Polônia, no Espaço Brasil, área exclusiva para discutir os resultados do País na área socioambiental.

"É cada vez mais importante que se valorize os povos tradicionais e que se crie políticas governamentais mais inclusivas, com o objetivo de fortalecer a produção florestal sustentável, que mantém as florestas protegidas, além de enaltecer a herança cultural dos nossos povos", afirma Francisco das Chagas, diretor da Coordenação Nacional de Comunidades Quilombolas (Conaq).

Chegas destaca que, anualmente, mais de 350 mil toneladas de produtos não-madeireiros são extraídos da Amazônia legal brasileira. O principal produto de base florestal é o açaí, com mais de 200 mil toneladas coletadas por ano. Depois, aparecem o babaçu, com 79 mil toneladas, e a castanha do Pará, com 37 mil toneladas anuais.

"Os povos tradicionais, como quilombolas e indígenas, respiram a floresta. E a conservação do nosso habitat é uma das ferramentas que mantêm a longevidade das nossas atividades e o desenvolvimento social das populações locais", complementa.

BIODIVERSIDADE - Para Roberto Palmieri, secretário executivo adjunto do Imaflora (Instituto de Manejo e Certificação Florestal e Agrícola), entidade civil que desenvolve projetos para fomentar a economia de base florestal, estimular a economia da floresta é uma das principais estratégias para a conservação da biodiversidade e para a manutenção da floresta em pé.

"Entendemos que, nas florestas, existem instrumentos capazes de fomentar transformações sociais e, ao mesmo tempo, conservar a biodiversidade brasileira, uma vez que essas populações extraem o seu sustento da floresta, com produtos não-madeireiros e com o manejo florestal responsável", ressalta.

Além de conservar uma riqueza genética incalculável, as florestas também abrigam uma série de serviços ecossistêmicos que, direta ou indiretamente, causam impacto à sociedade. Eles regulam a qualidade do ar, a temperatura e a sazonalidade das chuvas, por exemplo. "Isso ainda sem levar em consideração a matéria-prima extraída através do manejo florestal responsável, como a madeira, a biomassa, os óleos, as frutas e os vegetais", acrescenta o secretário executivo adjunto do Imaflora.

ESPAÇO BRASIL - Pelo terceiro ano seguido, o Brasil organizou uma área exclusiva dentro da COP. O objetivo é engajar a sociedade para discutir os resultados do país na área socioambiental. Neste ano, a programação do Espaço Brasil é dividida por dias temáticos. Entre eles, haverá eventos dedicados a florestas, comunidades e povos tradicionais, negócios e ao legado do país na agenda ambiental. Os debates terão a participação de representantes do setor público, iniciativa privada, sociedade civil e comunidade científica. Consulte a programação: http://espacobrasil.gov.br

COP24 - Esta é a terceira vez que a Polônia sedia uma edição de COP. As outras duas oportunidades aconteceram em 2008 e 2013, em Poznan e Varsóvia, respectivamente. A edição atual, em Katowice, teve início esta semana e acontecerá até o dia 14. A cidade é tradicionalmente associada à exploração de carvão, principal base energética do País, e à indústria pesada. Durante a conferência, a cidade de aproximadamente 300 mil habitantes deve receber cerca de 11 mil delegados de 196 países. O principal objetivo da Conferência sobre Mudanças Climáticas de 2018 é garantir a implementação de um plano de contenção para os efeitos das mudanças climáticas e definir as regras do Acordo de Paris, estabelecido em 2015, que visa limitar o aumento da temperatura global.

https://www.ecodebate.com.br/2018/12/07/cop24-sociobiodiversidade-e-pop…

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