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Conversão da propriedade e etapa mais difícil

OESP, Agrícola, p. G7
29 de Set de 2004

Conversão da propriedade e etapa mais difícil
Depois, porém, produtores garantem que rentabilidade é mais garantida e constante

A conversão de uma propriedade de convencional para orgânica nem sempre é fácil. "No meio do processo achei que ia falir", diz Baldini. Mas, depois de convertido, as vendas melhoraram e começou a lucrar. "O que me impulsionou foi o mercado, que é garantido. E ainda paga um preço diferenciado para o produto orgânico. Consegui também melhorar a qualidade." Baldini agora está em processo de conversão para biodinâmico. Espero que o retorno seja ainda melhor."
O produtor José Dias de Oliveira, de Ibiúna (SP), concorda "Até a gente se adaptar, principalmente com o mercado, é difícil. Mas depois compensa", diz ele, certificado orgânico desde 1996 pela Associação de Agricultura Orgânica. "Também defendo que a tendência para pequenos produtores é a agricultura orgânica"
Oliveira produz hortaliças (alface, brócolis, couve, escarola, rúcula) e legumes (mandioquinha, tomate, milho verde), em cerca de 7 hectares. Ele também acredita que a diversificação é importante para garantir uma boa renda "No verão, entro com os legumes. É fundamental ter produtos diferenciados, mas é preciso ter volume, para conseguir um bom preço."
Para a gerente da AAO, Araci Kamiyama, a dificuldade na conversão para uma propriedade orgânica é a falta de informação. "O agricultor orgânico não tem assistência técnica como o convencional tem. Há poucos profissionais que se dedicam aos orgânicos."

Integração -
Para o educador ambiental Guaraci Diniz Júnior, de Amparo (SP), outro fator fundamental para o pequeno é manter a propriedade auto-sustentável. "Temos que entender a agricultura orgânica como um organismo vivo", diz ele, que também é produtor orgânico. "É preciso ter sistemas de produção animal, vegetal e mineral integrados."
Para Diniz, a sustentabilidade da propriedade é que vai torná-la viável economicamente. "Preservando uma área, você cria condições para um ecossistema, que ajuda no controle de alguns insetos." Com os sistemas integrados, diz ele, o produtor vai ter o adubo produzido com o esterco dos animais. Com esse adubo, vai cultivar seus produtos, tanto parca comercialização quanto para o abastecimento próprio e dos animais.
"Deixando de usar o adubo químico, você preserva o solo. Além de reduzir todas as despesas externas, também não vai diminuir o uso de máquinas. Não vai precisar de irrigação, porque o solo preservado terá sua reserva. Assim, o agricultor deixa de ter essas despesas, porque usa os recursos da natureza Tudo ajuda. Então, o retorno econômico é conseqüência."
Recentemente, a Universidade de Campinas desenvolveu uma fórmula para calcular o índice de sustentabilidade de uma proprieda de agrícola. O cálculo é complexo e leva em conta o aproveitamento dos recursos da natureza disponíveis na propriedade, como água, fertilizantes orgânicos, fonte própria de energia (energia solar, por exemplo), entre outros. Quanto menos recursos externos usados, maior o índice. Diniz, que fez o cálculo para sua propriedade, obteve um índice de 68% de sustentabilidade. "É um excelente índice, visto que a média de unia propriedade convencional é de 7%. Mas quero aumentar ainda mais. É difícil porque até a energia elétrica é incluída no cálculo." Ele diz que pelo cálculo é possível saber o impacto ambiental da propriedade. "Numa escala de 1 a 10, minha propriedade tem 0,5 de impacto. Nas convencionais, esse índice ultrapassa o limite", diz. "Meu lucro hoje é de algo em torno de 40%. É o suficiente."
E é justamente com trabalho integrado que Schiavinato mantém sua propriedade. Na Fazenda Sula, marca de seus produtos, ele cria 45 vacas que produzem a matéria-prima para o laticínio (600 litros de leite /dia) e para a compostagem. "Transformamos o esterco e a urina das vacas em adubo orgânico. Cerca de 90% da produção é mantida com esse adubo", diz o produtor, que também usa adubação verde. "Faço ainda rotação da terra, mantendo uma área em descanso, com adubo verde."
Para garantir a produção da mini usina, ele mantém um espaço para criação de abelhas, que produzem o mel para o preparo do iogurte. O morango, que ele mesmo cultiva, também é usado para incrementar a bebida. "Todos os produtos lácteos são orgânicos. Os animais são alimentados com pastagem e tratados com homeopatia." (N.S.)
AAO, (0--11) 3875-2625

RECOMENDAÇOES
Biodiversidade - As culturas devem estar adaptadas às condições ambientais, respeitando a aptidão agrícola do solo, as áreas de preservação permanente e reserva legal. Quanto maior a biodiversidade dos ecossistemas agrários, menor a probabilidade de infestações de pragas e doenças
Adubação orgânico - A adubação orgânica deve ser a base do programa de adubação das culturas. O uso de composto orgânico, com mistura de resíduos animais (estercos) e vegetais (restos de culturas, palhas) é incentivado pela agricultura orgânica, pois é uma forma de reciclagem dos resíduos orgânicos em uma propriedade
Cobertura vegetal - O produtor deve usar a cobertura vegetal (culturas, palhas, cascas) para diminuir os efeitos da erosão, melhorar infiltração de água no perfil do solo e contribuir para o controle de plantas invasoras
Rotação de culturas - A rotação deve ser feita com sucessão entre famílias vegetais diferentes, com exigências nutricionais e sistemas radiculares diferentes. Esse manejo contribui para redução da fonte de contaminação de determinados organismos causadores de doenças, além de melhorar a reciclagem de nutrientes do solo

Medidas vegetativas - O uso de barreira física (quebra-vento deve ser uma prática preventiva de controle
Variedade- Deve-se produzir,,, culturas mais adaptadas à região. É preciso observar também a melhor época para o plantio

Fonte: AAO

OESP, 29/09/2004, Agrícola, p. G7

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